HAVANA, 26 de jan de 2017 às 13:00
O representante do Movimento Cristão Libertação (MCL) na Costa Rica, Michel Céspedes Rodríguez, assinalou que uma esperança para os cubanos presos depois da revogação da Lei de Ajuste Cubano pode radicar em ser aceitos pelos países onde se encontram; entretanto, recordou que o problema não é a vigência ou não da norma pés secos/pés molhados, mas a ditadura que impulsiona a fugir da ilha.
Em declarações publicadas na última quarta-feira pelo Informativo JBS, em San José (Costa Rica), Céspedes falou acerca da situação que enfrenta um número não determinado de cubanos presos em diversos países da América Latina e cujo objetivo de ingressar nos Estados Unidos não poderá ocorrer depois que Barack Obama revogou a Lei de Ajuste Cubano no último dia 12 de janeiro.
“Eu acredito que o problema, na verdade, não é a Lei de Ajuste Cubano, não é a modificação da lei, nem a lei ‘pés secos, pés molhados’ (…) o problema fundamental é por que as pessoas fogem, por que as pessoas vão embora, por que as pessoas escapam”, expressou.
Céspedes assinalou que agora a situação dos emigrantes é complexa. “Tomara que os países possam acolher estes cidadãos cubanos que estão em meio a estas travessias e possam, possivelmente, oferecer-lhes algumas garantias sociais, a fim de que estes cubanos possam fazer parte destas sociedades onde, atualmente, eles estão”, indicou.
Entretanto, assinalou que “o problema fundamental” de por que os cubanos deixam a ilha “é que em Cuba existe uma ditadura, em Cuba existe uma tirania onde não há uma luz que as pessoas possam ver para fazer seus projetos pessoais e onde as pessoas nascem, crescem, mas não se desenvolvem”.
“Então, o problema não são as leis externas – que, finalmente, podem ou não incentivar que as pessoas saiam de Cuba. O problema é o que existe em Cuba, propriamente”, e onde quem domina “é uma junta econômica-militar, não é uma pessoa”, expressou.
“Raúl Castro domina o país, com uma junta econômica-militar que tem a responsabilidade de todas as tomadas de decisões realizadas em Cuba”, acrescentou.
Em Cuba, “há um poder que induz a fazerem as coisas e há outro poder que executa as coisas, então, é um mecanismo bem estabelecido”, reafirmou.
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“É um sistema complicado, muito fechado”, disse Céspedes, que advertiu que enquanto a comunidade internacional se abriu a Cuba – como exortou São João Paulo II em 1998 –, “Cuba não se abriu ao mundo, porque eles mantêm, ferreamente, a tirania (…) não querem abrir nenhum espaço”.
No dia 12 de janeiro, o governo de Barack Obama anunciou oficialmente o fim desta política que permitia aos imigrantes cubanos que chegavam ao território americano – pés secos – permanecer no país e conseguir depois de um ano o visto de residência permanente. Aqueles cubanos que eram interceptados no mar – pés molhados – eram devolvidos à ilha.
Esta política foi promulgada em 1995 por Bill Clinton e modificou a Lei de Ajuste Cubano de 1966 que também permitia que os imigrantes cubanos que eram detidos no mar ficassem nos Estados Unidos.
A partir de agora, os cubanos que quiserem emigrar ilegalmente aos Estados Unidos, serão devolvidos a Cuba.
Confira também:
Bispos de Cuba se pronunciam após revogação da norma “pés secos/pés molhados” https://t.co/CjegbrXOsc
— ACI Digital (@acidigital) January 17, 2017