SANTIAGO, 7 de fev de 2017 às 07:00
É domingo na cidade de Antofagasta, norte do Chile, e Felipe Pereira (21) se levanta entusiasmado para ir à praia Paraíso aproveitar o mar junto com seus amigos e aprender com seus instrutores da escola de surf. Para as crianças e jovens com síndrome de Down, mais do que um esporte... é mergulhar nas “ondas de esperança”.
“Olas de Esperanza” (Ondas de Esperança) é o nome da escola de surf gratuita dirigida por Claudio Morales, Catalina Daniels e Pablo Marín, chilenos fanáticos por este esporte, que começaram há cinco anos esta aventura de amor.
Depois de bater em muitas portas, realizar projetos, consultar especialistas e conseguir o financiamento, porque era uma empresa absolutamente nova no país, começaram a sua primeira aula com seis pranchas e seis roupas de surf.
Hoje Claudio, Catalina e Pablo, junto com outros voluntários recebem todos os domingos, de dezembro a fevereiro, cerca de 15 crianças com síndrome de Down, asperger e autismo e lhes dão aulas totalmente personalizadas e adaptadas para a condição de cada criança.
Felipe é um jovem muito sociável que dança folclore, faz aulas de natação e trabalha na padaria da sua escola. Ele comentou ao Grupo ACI que o que mais gosta durante as aulas de surf é “levantar-se sobre a prancha e pegar ondas. Eu gosto do mar. Gosto muito de ir”. Em relação aos instrutores acrescentou: “Adoro o carinho deles, adoro o que eles fazem”.
Em uma conversação com o Grupo ACI, Catalina explicou que essas pessoas “te desafiam a mudar. Você não pode continuar sendo a mesma pessoa”.
“Eles são um grande exemplo de como o amor é o motor das melhores coisas, dos melhores momentos, do melhor esforço. O melhor investimento é o carinho e com eles é incrível”.
Catalina, que teve um encontro com Jesus há alguns anos, disse: “Quem conhece Jesus, que pela misericórdia entrou na sua vida, não pode ser a mesma pessoa. Você tem que ser melhor, mais carinhoso, mais compreensivo, mais tolerante, porque eles são assim”.
O surf exige força, equilíbrio, agilidade e muita técnica. Mas o que é mais difícil, reconhecem os iniciadores das ‘Olas de Esperanza’, é a relação entre o instrutor e a pessoa com síndrome de Down; é vencer as barreiras da discriminação para abrir espaço à integração.
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“A grande maioria dos chilenos nunca conversou com uma pessoa com síndrome de Down, nunca lhe deu a mão. Então, chegam voluntários muito motivados, mas no primeiro dia ficam sem falar, não sabem como agir, tentam ajudar, mas ficam até mesmo paralisados”, explicou Claudio ao Grupo ACI.
Por isso, nas “aulas, riem, contam piadas, conversam, eles têm essa mística. São incríveis, flutuam, remam, fazemos dinâmicas de grupo, pegam a prancha. Eles demonstraram que podem muito e superaram muitas dificuldades próprias de sua condição”, indicou.
Catalina explicou que o problema está na discriminação e falta de integração próprio do “cidadão comum” e, mais ainda, “acredito que quando se perdeu o valor da família, da escola e da Igreja, começou isso”.
“Eles nasceram lutando com a frustração, nasceram com o pé esquerdo. Custou-nos muito encontrar apoio nas empresas. Por que não vemos promotoras com síndrome de Down? Porque a beleza de nossos alunos é uma beleza atípica e ninguém quer em seus cartazes (...). Chile é um país que cria deficiência”, acrescentou.
A recomendação de Catalina é que as pessoas se aproximem de Deus , porque, “para dar amor, tem que estar com o Criador do amor (...). Quanto você tem amor, necessita entregá-lo, capturá-lo, fazê-lo real”.
Claudio acrescentou que os “grandes ganhadores” de ‘Olas de Esperanza’ são eles, “os voluntários, porque as crianças com síndrome de Down preenchem o coração de uma forma incrível. Eu acredito que mudaria a visão da vida de todos os voluntários”.
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— ACI Digital (@acidigital) 17 de novembro de 2016