ROMA, 18 de fev de 2017 às 11:00
O Patriarcado caldeu de Babilônia (Iraque), liderado por Dom Louis Sako, pediu os cristãos a rechaçar os apelos de vingança contra os muçulmanos sunitas, proposto em 15 de fevereiro por um cristão caldeu vinculado às milícias paramilitares – formadas também por muçulmanos xiitas – que lutam contra o Estado islâmico (ISIS).
El patriarca católico caldeo de #Irak rechaza la idea de institucionalizar "milicias cristianas", https://t.co/5ze2vAK8ry pic.twitter.com/xqO1Hk5YPj
— AyudaIglesiaNeces (@AyudaIglesNeces) 3 de fevereiro de 2017
No dia 15 de fevereiro, em um programa de televisão iraquiana, Ryan Salem, cristão caldeu de Alqosh, assegurou que os cristãos também estão presentes em Mosul para combater e se vingar dos muçulmanos sunitas.
Desde outubro de 2016, são realizadas ofensivas do governo iraquiano – junto a milícias xiitas, curdas e a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos –, para retirar Mosul do Estado Islâmico, grupo terrorista formado por muçulmanos sunitas. Entretanto, muitos muçulmanos desta corrente principal do Islã também foram vítimas do ISIS.
Através de um comunicado divulgado no dia 16 de fevereiro, o Patriarcado caldeu de Babilônia condenou “energicamente” as afirmações de Ryan Salem, “que declara guerra” contra os muçulmanos sunitas em Mosul.
Esclareceu que as palavras de Salem “não têm nenhuma relação com a moral ensinada por Cristo, mensageiro de paz, amor e perdão”, e não pode fazer estas afirmações em nome dos cristãos.
Nesse sentido, rejeitou “as desconsideradas declarações a fim de criar um grande conflito sectário” no Iraque. Salem, expressou o Patriarcado, “deve respeitar a ética da guerra e respeitar as vidas de pessoas inocentes”.
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De acordo com a agência vaticana Fides, durante o discurso televisionado, Salem estava ao lado de prisioneiros sunitas, provavelmente capturados como colaboradores do Estado Islâmico.
Fontes próximas ao Patriarcado caldeu, contatadas pela Agência Fides, informam que o objetivo do comunicado foi cortar pela raiz os equívocos e as instrumentalizações que poderiam levar a represálias contra as comunidades cristãs locais.
A agência vaticana já havia recordado que o Patriarcado liderado por Dom Louis Sako tinha tomado distância em relação aos milicianos que atuam em grupos paramilitares que participavam de operações de guerra exibindo cruzes, efígies de Jesus e outros símbolos cristãos durante suas operações militares.
“Trata-se de indivíduos que agem mal: a ostentação de símbolos cristãos é uma maldade e fomenta conflitos relacionados à religião, espirais de vingança e mais sofrimentos”, declarou o Arcebispo em junho do ano passado.
Nesse sentido, o Patriarcado caldeu enfatizou também a sua distância de grupos armados ativos no cenário iraquiano que procuram reivindicar sua filiação às comunidades cristãs locais.
A agência vaticana Fides indicou que Dom Louis Sako recomentou várias vezes aos cristãos que queriam participar na libertação de Mosul que o fizesse alistando-se no exército iraquiano ou nas forças curdas – do governo autônomo do Curdistão iraquiano –, evitando, em todos os sentidos, criar milícias sectárias que terminem alimentando diferentes formas de “sedição confessional”.
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— ACI Digital (@acidigital) 16 de fevereiro de 2017