MADRI, 8 de mar de 2017 às 08:00
Rosa Pich, barcelonesa de 51 anos, e José Maria Postigo, segoviano de Cantimpalos, vinham de duas famílias numerosas, 16 e 14 irmãos respectivamente; casaram-SE com o desejo de formar outra família numerosa; mas seus três primeiros filhos morreram e, apesar disso, tiveram outros quinze filhos, entre 22 e 6 anos.
Em 2015, a European Large Families Confederation lhes deu o Prêmio Família Numerosa Europeia do Ano.
Não lhes sobra dinheiro, mas os Postigo Pich decidiram doar o valor total de 5.000 euros para os projetos sociais a favor de famílias numerosas europeias.
São uma família com 18 filhos como não se vê na Espanha desde o século XX, quando estas famílias recebiam prêmios de natalidade e eram valorizadas como um tesouro pela contribuição especial que deixavam à sociedade.
Embora tenham vivido tempos difíceis para ter uma família numerosa (o estado simplesmente os desprezava) e apesar dos problemas de saúde de vários filhos, Rosa e Chema não voltaram atrás e decidiram ter filhos, com a certeza de que a família é o maior presente que a vida lhes deu.
A sua primeira filha, Carmen, morreu em 2012, aos 22 anos. Quando ela nasceu, os médicos disseram que viveria apenas 3 anos. Rosa contou ao digital TeInteresa: “Algumas horas depois do seu nascimento, levaram-na, pois tinha nascido com uma doença cardíaca grave e devia ser transladada a um hospital com mais meios técnicos. Nesses primeiros dias, os médicos nos avisaram que ela não viveria por mais de três anos, mas graças a Deus, com operações e marca-passos viveu até os 22”.
Depois da sua graduação e da obtenção do mestrado, no dia 1º de junho de 2012, Carmen fez uma cirurgia de rotina para colocar um novo marca-passo. Sua mãe a beijou, deixou-a na sala de cirurgia e foi para uma reunião... Algumas horas depois, Chema ligou para ela explicando que as veias da jovem estavam falhando. Ela morreu 3 dias depois.
Atualmente, a família Postigo-Pich, perdeu José María, Chema, o pai. Um homem corajoso e tranquilo, forte e encantador, segundo dizem seus amigos e parentes. Um verdadeiro herói, que não está nas enciclopédias nem na televisão, mas que teve mais coragem e grandiosidade do que eles. O câncer de fígado acabou com a sua vida em pouco mais de um mês, com 56 anos.
Sua esposa, Rosa, divulgou a notícia no Instagram, com estas palavras: “Deus é o nosso pai, é muito bom, mesmo que às vezes não compreendamos, há uma hora Chema nos deixou para ir para sempre ao céu”.
A entrevista que Joana Ortiz fez a Rosa Pich em Actuall reflete a vida desta mulher especial, o amor ao seu esposo e o otimismo de uma família que demonstrou não ter medo da morte nem da vida.
Resumimos algumas frases dessa entrevista:
- Perdemos três dos nossos 18 filhos, entre eles a mais velha, aos 22 anos. A nossa primeira filha, Carmina, nasceu com doença cardíaca grave e, embora os médicos lhe dessem apenas três anos vida, morreu em 2012, aos 22 anos, depois de se graduar e terminar o mestrado. Os outros dois seguintes, Javi e Montse, faleceram com o mesmo problema, um com um ano e meio de idade e a menina com 10 dias de vida.
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- O primeiro-ministro não pode decidir se devo ter mais ou menos que filhos. Os médicos nos desaconselharam ter mais filhos, mas nem o primeiro-ministro, nem a sua mãe foram capazes de me convencer de que não tivesse a família que eu tenho agora. Ninguém pode se meter na minha cama, para decidir se eu devo ter mais filhos ou não.
- Sabia que nasceriam com problemas cardíacos, mas mesmo assim decidi tê-los. Não entra na minha cabeça que me dissessem que a lei me amparava e que é a melhor coisa seria não ter filhos. Como vou matar o meu filho? Eu dou um sim retumbante à vida.
- Mesmo que morram (...) a vida não acaba aqui. Se eles nascem e tenho que enterrá-los, tiveram a oportunidade de serem salvos e sempre serão meus filhos, a vida não acaba aqui, continua com ele.
- Rosita: Quando a crise acabar, compra novamente chocolate. A minha filha Rosita, de 17 anos, me disse um dia: “Mãe, em 2017, quando acabar a crise, compra novamente chocolate, pois eu não gosto de leite puro’.
- Para ter uma família não precisamos ser ricos, apenas devemos ter vontade. Em casa fazemos compras uma vez por mês, para evitar comprar algumas coisas que não podemos, mas fazemos exceções nos aniversários e feriados. Fazemos uma compra muito básica, um capricho é comprar donuts, que nunca temos em casa para comemorar algo. Compramos para o mês e, quando as coisas acabam, ficamos sem nada.
- Meu objetivo este ano é não gritar com o meu pai. O lema deste ano é a amabilidade. Por exemplo, Rafa tem 6 anos de idade, é responsável de dar beijos na mamãe, outro chora exatamente três vezes por dia e a sua melhora é chorar apenas uma vez. A minha melhora é não gritar com o meu pai.
- O Segredo: Amar o esposo. As pessoas me perguntam qual é o meu segredo, não entendem que com somente 24 horas por dia eu posso ajudar na ONG, trabalhar, cuidar das crianças e escrever o livro. Mas, o mais importante de tudo é amar a si mesma e ao seu esposo.
- Rebelei-me conta Deus. Rebelei-me contra Deus, eu tinha 25 anos quando morreram os meus dois filhos e pensei “Senhor, não posso mais”. Dizia que queria uma família numerosa e estava perdendo todos os meus filhos, não entendia nada. Espero que quando chegar ao céu eu entenda. (...) Somos uma família com fé e, graças a Deus, porque com tudo o que aconteceu conosco, não poderíamos ter superado de outra maneira.
Publicado originalmente em Actuall.
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Papa Francisco: Consola-nos ver famílias numerosas que acolhem filhos como uma bênção http://t.co/IKGE6rFjFS
— ACI Digital (@acidigital) 21 de janeiro de 2015