WASHINGTON DC, 13 de mar de 2017 às 19:00
Em um mosteiro do Estado de Wisconsin (Estados Unidos) está acontecendo algo pouco comum, pois está prestes a entrar na vida monástica a quarta religiosa “millenial” que abandonou a sua profissão para se dedicar ao serviço de Deus e da Igreja.
Em quatro semanas, Erin Wells, de 24 anos, entrará como postulante no Mosteiro Vale de Nossa Senhora durante o período de um ano, depois de se graduar como engenheira mecânica, na Universidade do Estado de Ohio.
Deste modo, seguirá os passos de três religiosas contemplativas que já pertencem a esta comunidade da Ordem cisterciense, localizada no Condado de Sauk.
A Irmã Christina Marie, de 33 anos, era entomologista. A Irmã Mary Bede, de 30 anos, pretendia se tornar violinista profissional, enquanto a Irmã Mary Benedicta, de 36 anos, estudou para ser engenheira aeronáutica.
Erin Wells chegará ao mosteiro no dia 21 de março. Venderá o seu carro, deixará a maioria dos seus bens e levará somente algumas coisas, incluindo uma Bíblia e o seu rosário. Em seguida, receberá o seu hábito branco, usará um véu e receberá um nome religioso. Dentro de cinco anos, ela decidirá se realizará ou não o seu voto permanente.
“Frequentei a universidade pensando que eu seria uma engenheira, que trabalharia para Honda, viajaria ao Japão o tempo todo, seria rica e escreveria um livro que seria um best-seller”, disse em uma entrevista a ‘The Capital Times’.
Entretanto, Wells assegurou que “o Senhor revelou que a vida religiosa era abraçar o mundo como filha de Deus”.
Sobre seus primeiros planos para se tornar profissional e viajar, disse: “Eu estava totalmente de acordo em abandonar a profissão quando surgisse algo melhor. Posso passar todo o meu tempo com Jesus, o que mais eu poderia desejar?”.
Wells se somará a um número cada vez maior de religiosas que entram no Mosteiro Vale de Nossa Senhora, entretanto, em todo o país, o número de religiosas e sacerdotes diminuiu drasticamente.
Por sua parte, Irmã Christina Marie era conhecida como Chrissy Murphy no tempo em que estudava os insetos microscópicos e o seu papel na decomposição do solo, em Puerto Rico. Tinha acabado de concluir o mestrado da Universidade do Colorado (EUA), estava começando um namoro e planejava entrar em um programa de doutorado.
“Tudo em sua vida estava se encaixando, mas não estava em paz. Ainda havia algo que não estava bem e nesse momento da minha vida, sabia que precisava dar uma oportunidade a Deus”, assegurou.
Depois de uma “grande agonia, oração e lágrimas”, sentiu que não poderia entrar no programa de doutorado. Ela foi embora de Puerto Rico e procurou uma comunidade religiosa.
A Irmã Christina Marie entrou no mosteiro há nove anos, aos 24 anos. Sentiu-se atraída pela serenidade no centro da vida monástica. Seus colegas e seu namorado ficaram surpresos.
“Sim, as pessoas definitivamente pensam que você está desperdiçando a sua vida. Mas é realmente um ganho enorme, simplesmente em um plano diferente. Requer uma visão de fé poder compreender a vocação, porque é mística”, explicou.
Embora as religiosa estejam separadas de outras pessoas, “isto é apenas fisicamente”, disse a Irmã Christina Marie.
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“Estamos presentes nas tristezas e alegrias, lutas e sofrimentos do mundo. É difícil explicar como acontece. É sempre algo misterioso, porque Deus fala ao coração e ao indivíduo de uma maneira misteriosa”.
A Irmã Mary Bede, antes chamada Abigail Berg, entrou no convento há nove anos, aos21 anos.
Ela lutou por renunciar o seu amor pelos seus estudos e pela sua diligente interpretação de violino, uma habilidade e paixão que tinha marcado a sua vida desde seus 3 anos de idade. Permitiram-lhe levar o seu violino ao convento, mas geralmente não costuma tocá-lo.
“As pessoas podem pensar ‘ah sim, eu posso deixar tudo’, mas quando se trata de fazer esse sacrifício, pode ser mais doloroso do que você pensa”, detalhou.
No convento os apegos são deixados de lado. É revelado o núcleo da personalidade de uma irmã e logo lhe ensinam a se desapegar. Isto só pode acontecer confiando em Deus. Não há nada mais a que se apegar ou nada para medir a realização ou o êxito.
Por último, Irmã Maria Benedicta era chamada Starsha Johnson quando estudou engenharia aeronáutica na Universidade de Illinois.
Não foi criada em uma família católica e não sabia nada a respeito das religiosas. Relutantemente, foi a uma igreja católica quando estava na universidade só porque um companheiro que estudava com ela lhe pediu que tentasse.
Depois de muitas desculpas, finalmente foi à igreja, mas não sabia o que estava fazendo ou porque estava ali. Ficou de pé quando as pessoas se ajoelharam para rezar. Não sabia muito bem o que era a eucaristia, nem como se aproximar dela.
Algum tempo depois, compreendeu o propósito da Missa e como receber a comunhão. A Irmã Mary Benedicta pensou: “Deus não é apenas uma palavra de três letras (God)? É uma pessoa? Bom, agora que sei isso, preciso tentar novamente”.
Ela voltou, agora para receber a comunhão, e foi então que tudo mudou.
“Eu me senti incrível. Estava profundamente emocionada. Era impressionante. Foi uma grande sensação”, disse.
Entrou no mosteiro quando tinha 26 anos e, 10 anos depois, tornou-se encarregadas das vocações. Este é o principal ponto de contato para Wells e outras postulantes, porque estão autorizadas a falar com ela em qualquer momento durante o seu primeiro ano.
O Mosteiro Vale de Nossa Senhora foi fundado em 1957, quando seis freiras do convento cisterciense em Frauenthal (Suíça), chegaram no dia de Ação de Graças. Em seguida, se mudaram para Wisconsin a pedido do primeiro Bispo da Diocese de Madison, Dom William O’Connor.
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— ACI Digital (@acidigital) 25 de outubro de 2016