BUENOS AIRES, 15 de mar de 2017 às 08:00
O Bispo de San Isidro (argentina), Dom Oscar Ojea, presidiu uma Missa na qual renovou o pedido de perdão às vítimas de abuso sexual e maus-tratos infantis; agradeceu as pessoas que ajudam na “cura” desses casos e incentivou a construir uma cultura de cuidado para as crianças e jovens.
“A Igreja pediu perdão e eu renovo esse pedido de perdão aqui, em minha diocese, a todas aquelas pessoas que foram vítimas de abusos, sendo crianças ou jovens, por membros de nossa hierarquia. Pedimos perdão a esses irmãos e a esses nossos filhos”, expressou o Bispo.
No último dia 10 de março, Dom Ojea explicou que solicita esse perdão com o “compromisso de acompanhar” e assinalou que, uma vez recebida a denúncia, “nós temos o dever” de orientar a vítima para que faça a denúncia penal e em seguida, com seu consentimento, realizar o “devido processo canônico”.
Dom Ojea se referiu ao Sermão da montanha, pois Jesus assinalava os distintos “modos de matar e o abuso sexual de menores é uma dessas formas terríveis, herdadas de Caim e Abel, a velha história da humanidade: o forte e o frágil, força e debilidade”.
No abuso se encontram “o poderoso e um frágil” e supõe manipulação, invadir e “arrasar a intimidade de um inocente; maus-tratos físicos e psicológicos”.
“Quando o frágil pode sair dessa rede de silêncio à qual o poderoso obriga, esse segredo pactuado para comprimir a criatura quando pode falar, quando pode se expressar, quando pode dizer o que aconteceu, dizer a si mesmo e as demais, começa a verdadeira cura”, acrescentou Bispo.
Dom Ojea ofereceu a Missa “por todas aquelas pessoas que foram sinais de Deus no caminho das vítimas e que permitiram que pudessem falar, que escutaram, que abriram o coração, que se colocaram ao lado desses irmãos que sofreram tanto e que sofrem tanto”.
A cura também “supõe transformar as feridas, a dor e a raiva”, explicou. “É imprescindível orientar essa força, essa energia para poder trabalhar em função do futuro, nossas crianças, nossos jovens”.
“Capitalizar toda essa dor para poder ser semente de um mundo novo, que nos permita cuidar-nos e poder transmitir às crianças e aos jovens este empoderamento para que saibam dizer que não quando se trata da violação da própria intimidade”.
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“Aprendam desde pequenos a se defender deste poder que avassala e que corrompe a dignidade da pessoa, obrigada ao silêncio”, acrescentou Dom Ojea.
“O abuso é um problema social terrível”, que provém da “violência” que, por sua vez, é “um dos males mais terríveis do mundo em que nós vivemos, um dos cânceres do mundo em que vivemos”.
“É preciso poder vencer essas redes de silêncio familiares e institucionais, redes que se formaram para oprimir e obrigar o segredo”, motivou Dom Ojea.
Ao finalizar, o Bispo de San Isidro pediu a Jesus “que haja um mundo no qual nos cuidemos melhor, no qual possamos apreciar o que significa a intimidade do próprio corpo, a sacralidade da dignidade da pessoa humana, pela qual temos que lutar a cada dia”.
Participaram da Eucaristia o Bispo auxiliar da Diocese de San Isidro, Dom Martín Fassi; o Vigário geral, Pe. Guillermo Caride; o Porta-voz do Bispo, Pe. Máximo Jurcinovic; o superior dos Passionistas, Pe. Carlos Saracini; e outros sacerdotes.
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— ACI Digital (@acidigital) 10 de fevereiro de 2017