MADRI, 21 de mar de 2017 às 06:00
O Arcebispo de Madri, Cardeal Carlos Osorio, abriu no dia 18 de março a causa de canonização do sacerdote Cipriano Martínez Gil e 55 companheiros mártires assassinados durante a perseguição religiosa da Guerra Civil Espanhola.
O Pe. Martínez, sacerdote de 31 anos, lidera a causa que inclui outros 48 sacerdotes diocesanos e 7 leigos que morreram por ódio à fé entre 1936 e 1939.
Comienza Apertura de Canonización de #CiprianoMartinezGil y 55 compañeros mártires @archimadrid pic.twitter.com/T1ug4tAvY8
— ParroquiaNtraSraPino (@NtraSraPino) 18 de março de 2017
Alguns dias antes de morrer, o Pe. Cipriano Martínez repetia: “Os santos não só semearam. Se semearam... Deram a sua vida pelo seu trabalho, a imagem de Cristo, que deu a sua vida pela Igreja. Se o grão de trigo não cai na terra... não dará frutos. Semear!”.
A cerimônia de abertura da causa de canonização foi presidida pelo Cardeal Osoro e acompanhada pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese, Dom Juan Antonio Martínez Camino.
Com a abertura da fase diocesana desta causa agora é necessário reunir mais informações sobre cada um desses 56 mártires, além dos testemunhos, para que logo sejam estudados pela Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano.
Na documentação apresentada para a abertura da causa, Dom Martínez Camino destacou que “no final do segundo milênio, a Igreja se tornou novamente uma Igreja de mártires”.
“No século XX houve centenas de milhares de cristãos de todas as confissões – católicos, ortodoxos, armênios, protestantes, anglicanos – que ofereceram o testemunho supremo do amor a Deus unindo o seu próprio sangue ao precioso sangue do Salvador”, escreveu o Bispo auxiliar de Madri.
Em concreto, na Espanha, durante a década de 1930, “perderam sua vida como testemunhas da fé cerca de 4.000 sacerdotes e seminaristas seculares, 3.000 consagrados e milhares de leigos comprometidos. Entre eles, nos últimos anos, cerca de 2.000 foram elevados aos altares como santos e beatos”, apontou o Prelado.
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Dom Martínez Camino assegurou também na informação enviada para o processo de canonização que em 1936, data do início da Guerra Civil, “Madri contava com 1.118 sacerdotes seculares, dos quais 379 foram martirizados, equivalente a 33,9 % do clero secular madrileno”.
Breve biografia do Pe. Martínez Gil
O Pe. Cipriano Martínez Gil ingressou aos 9 anos no Seminário Menor de Alcalá de Henares, foi ordenado sacerdote em 1928, aos 24 anos. Foi confessor no convento das Clarissas de São Pascoal, no Paseo de Recoletos de Madri.
Nesse convento, orientou a vocação da venerável Irmã Cristina da Cruz de Arteaga, impulsionadora e fundadora de muitos mosteiros de Jerônimas. ela mesma escreveria, posteriormente, sobre a vida e o martírio do Pe. Cipriano.
O sacerdote foi nomeado pároco em El Pardo, nos arredores de Madri. Em julho de 1936, foi preso durante 30 duas no cárcere, onde fazia longas horas de oração e incentivava seus companheiros de cela a manter a fé e a perdoar.
“É preciso perdoar. Temos que estar dispostos ao que Deus quer, a dar-lhe a vida se for preciso”, dizia o jovem sacerdote na prisão.
Antes de ser fuzilado por milicianos, pediu para se recolher em oração e morreu com o rosário nas mãos.
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) se caracterizou por uma violenta perseguição religiosa e um forte anticlericalismo. Durante esses anos, milhares de cristãos morreram por sua fé em todo o país. Muitos deles foram posteriormente beatificados.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) 8 de fevereiro de 2017