SIDNEY, 24 de mar de 2017 às 06:00
Olivia Hargroder é uma estudante australiana que nasceu com síndrome de Down e, com apenas 17 anos, fez um grande discurso em defesa das pessoas que têm esta deficiência ante a Organização das Nações Unidas (ONU).
A menina foi convidada a falar em 21 de março na 12ª Conferência Mundial do Dia da Síndrome de Down na sede da ONU em Nova York, onde era a única estudante da Austrália convidada a dar um discurso.
Embora os médicos tenham dito que nunca aprenderia a falar, Olivia fez o seu primeiro discurso no ano passado em uma conferência nacional de educação e atualmente faz parte da Associação da Síndrome de Down Queensland (Austrália), está terminando o último ano do colégio e trabalha meio período em um supermercado.
“Tenho certeza de que o médico que disse que eu nunca falaria não imaginou que eu estaria aqui em Nova York falando com vocês nas Nações Unidas. Deste modo, quando nasce um bebê com síndrome de Down, simplesmente não podemos esperar o melhor e acreditar que poderão ser qualquer coisa que quiserem ser?”, disse Olivia, na terça-feira.
Nesse sentido, assegurou que deseja viajar pelo mundo como “atriz, cantora, dançarina e oradora”.
Olivia lamentou que as pessoas com síndrome de Down no seu país estejam sendo colocadas “em uma categoria chamada insuficiência intelectual”, quando o problema é que elas sofrem na maioria das vezes de “problemas físicos” que as impede de “realizar as coisas”.
“Algumas pessoas acham que somos preguiçosos, teimosos, difíceis e que fugimos do trabalho, mas se conhecessem as nossas dificuldades físicas, talvez pudéssemos ser mais ajudados e compreendidos”, afirmou a adolescente.
Deste modo, criticou que os atletas com síndrome de Down só podem nadar na categoria de Deficiente intelectual mesmo que pudessem ter “todas as outras deficiências físicas e visuais”. Por isso, considera apropriado criar nova categoria de deficiência nos Jogos Paralímpicos.
“Isto é justo? Por que não temos a nossa própria categoria, onde todos têm os mesmos problemas físicos, onde temos um tamanho parecido e todos temos um cromossomo extra?”.
“Há aproximadamente oito milhões de nós no mundo todo e por que não? Seria muito mais fácil para o esporte, a educação, a saúde e as formas de governo”, enfatizou.
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Por outro lado, Olivia assegurou que uma das coisas que aprendeu em um curso aberto sobre o desenvolvimento da criança é que nascem “otimistas” e lamentou que muitos adultos não pensem do mesmo modo quando se trata de crianças Down.
“Eles têm a mesma esperança que as outras crianças”, assegurou e citou como exemplo o caso de três amigos.
Nathan Basha, contou, trabalha em uma estação de rádio de Sydney, onde “incentiva os jovens com síndrome de Down para que busquem um emprego ou os ajudem com sua carreira”. Além disso, foi finalista como jovem australiano do ano e ganhou prêmios pela inclusão no mercado de trabalho.
Madeline Stewart, explicou Olivia, decidiu que queria ser modelo, “então trabalhou muito duro para estar em forma e agora trabalha como modelo no mundo todo e tem a sua própria marca de roupa (e passou pela NY Fashion Week muitas vezes)”.
Finalmente, recordou o seu amigo Rory O'Chee, um fotógrafo cujo trabalho descreveu como “incrível”, pois é capaz de esperar “durante horas e horas para tirar uma foto perfeita”.
“Quando as suas fotografias entram em concursos como National Geographic, ninguém sabe que ele tem síndrome de Down”, afirmou.
“Somos otimistas acerca do nosso futuro e podemos simplesmente querer voar”, concluiu Olivia.
Confira também:
Lançam campanha para “mudar o olhar” sobre a Síndrome de Down https://t.co/9rlDU9OLWp
— ACI Digital (@acidigital) 21 de março de 2017