Lima, 25 de mar de 2017 às 15:00
O Bispo de Cuernavaca (México), Dom Ramón Castro Castro, respondeu a várias acusações feitas pelo governador do estado de Morelos, Graco Ramírez, consideradas por muitos bispos mexicanos como "difamações e perseguição".
Em declarações ao Grupo ACI, Dom Castro Castro lamentou que “aqui quem tem uma opinião diferente do governo do Estado, quem diz a verdade, é perseguido, caluniado e, sobretudo processado”. Ele assegurou: “Eu não sou o único”, pois algo parecido aconteceu com outros críticos da autoridade estatal.
Graco Ramírez, membro do Partido da Revolução Democrática (PRD), fez várias acusações contra o Bispo de Cuernavaca. Entre elas, destacam a conspiração contra o seu governo, enriquecer com dinheiro de uma feira religiosa na região e intervir na política.
Para o Bispo de Cuernavaca, o conflito com o governador de Morelos “é uma longa história” que começou quando chegou à diocese em 2013.
“Desde que cheguei (houvera) algumas divergências sobre os temas do casamento igualitário e acerca do aborto”, indicou.
Outros eventos que incomodaram a autoridade civil, assinalou, foram as marchas pela paz e pela família, depois das quais “houve certa preocupação por parte do governo do Estado, porque mobilizou muitas pessoas”.
O Prelado assinalou também: “Fui acusado de ser o culpado pela violência de um santuário chamado Tepalcingo”, depois dos enfrentamentos motivados pelos administradores da região.
O Bispo recordou em um acordo entre os administradores, autoridades do governo do Estado e do representante legal da diocese “chegaram à determinação de que regressasse ao trabalho pastoral dos sacerdotes” e uma repartição equitativa entre a Igreja e os administradores dos recursos econômicos da feira.
“Mas há exatamente um ano, os administradores levaram 30 pessoas, dançarinos mascarados, ficaram bêbados e destruíram a porta da casa do peregrino e do sacerdote, destruíram a casa do sacerdote e queriam linchar o pároco, profanaram o Santíssimo Sacramento, roubaram 120 mil pesos (6.341 dólares) que eram para comprar material religioso que o pároco havia pedido emprestado, destruíram tudo o que estava na cozinha e roubaram os objetos pessoais do pároco”, assinalou.
“Depois disso, nós, pro bono pacis – para o bem da paz –, seguimos trabalhando sem perceber absolutamente nenhum outro benefício que não fosse pastoral”, acrescentou.
Dom Castro lamentou que “todo o ano passado foi assim. Eles continuaram administrando, eles se sentem donos do santuário, não nos deixaram trabalhar pastoralmente e este ano voltou a acontecer a mesma coisa e então decidimos, ao não cumprir o acordo, da nosso parte retirar a celebração dos sacramentos”.
“Eles levaram dois sacerdotes idosos enganados e, finalmente, um falso sacerdote que foi processado em três dioceses e um celebrante da palavra que não está em comunhão com a Igreja Católica, e continuaram fazendo a feira”.
Outra acusação se deve a uma reunião do Dom Castro com alguns líderes políticos e representantes da sociedade civil na qual os incentivou a trabalhar pelo bem comum frente à difícil situação do Estado.
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Dom Castro assinalou: “Agora, estou ameaçado”, pois “o governo do Estado disse que, por me meter em política, vai me acusar ante a Conferência Episcopal, ante a Nunciatura e ante o Governo”.
“Eu, como pastor, quero a paz, a harmonia, mas não se pode ter paz e harmonia, sem verdade”, disse e sublinhou que “a verdade deve ser consolidada, deve ser trabalhada e a verdade, como disse Jesus, nos fará livres”.
Província Eclesiástica do México manifesta o seu apoio
A Província Eclesiástica do México, liderada pelo Arcebispo Primaz do México, Cardeal Norberto Rivera, expressou sua “comunhão solidaria” a Dom Castro Castro, ante “ataques, calúnias, difamação e perseguição da qual foi vítima desde a sua chegada à diocese de Cuernavaca”.
“Conhecemos a sua probidade e a constatamos na responsabilidade que a própria Conferência Episcopal Mexicana o confiou ao nomear um membro do conselho da Presidência, como administrador dos recursos da igreja mexicana”.
O documento também tem a assinatura do Bispo de Toluca, Dom Francisco Chavolla; do Bispo de Tenancingo, Dom Raul Gomez; do Bispo de Atlacomulco, Dom Juan Martinez; e dos sete Bispos Auxiliares da Arquidiocese do México.
Os bispos mexicanos expressaram a Dom Castro Castro: “Também sabemos do seu entusiasmo, caridade e entrega pastoral como promotor incansável a favor da justiça e da paz, assim como o pastor com cheiro de ovelha, como o Papa Francisco nos pediu com insistência”.
Não perde a paz
Apesar da perseguição, o Bispo de Cuernavaca assegurou: “Eu não perco a paz, o Senhor nos deixou a paz, tento construí-la e tê-la muito firme e forte”.
“Certamente não deixo de ter preocupação, mas isso faz eu me ocupar, enquanto é necessário, mas sigo cumprindo com todos os meus outros deveres como deve ser”, disse.
Confira também:
Se for preso, evangelizarei na prisão, diz Bispo mexicano https://t.co/Z7t8ny7NnU
— ACI Digital (@acidigital) 18 de agosto de 2016