REDAÇÃO CENTRAL, 31 de mar de 2017 às 08:00
A próxima canonização das crianças mártires de Tlaxcala, no México, os primeiros mártires da América, poderia ter um profundo impacto nas famílias, assegurou o Arcebispo mexicano que acompanhou a causa nos últimos anos.
O atual Arcebispo de Tijuana, Dom Francisco Moreno Barrón, foi até há pouco menos de um ano Bispo de Tlaxcala, e com essa responsabilidade pastoral liderou durante os últimos anos o esforço para chegar ao final do processo de canonização dos Beatos Cristóbal, Antonio e Juan.
Em declarações ao Grupo ACI, Dom Moreno Barrón destacou que a canonização das crianças mártires mexicanas “é um momento de graça, de bênção para a Igreja universal” e um apelo para que “valorizemos a família como um dom de Deus”.
“Espero que em outros países, como no Peru e nos Estados Unidos, e em outros lugares, também sejam promovidos como padroeiros da infância nestes tempos difíceis, que as crianças são maltratadas, abusadas e que realmente falta um respeito integral e uma promoção dos mesmos na Igreja e na sociedade”, disse.
As crianças mártires de Tlaxcala foram assassinadas por ódio à fé entre 1527 e 1529, enquanto evangelizavam e combatiam a idolatria em suas comunidades, depois de receber a catequese e o batismo dos missionários franciscanos e dominicanos. Apenas três décadas antes, em 1492, Cristóvão Colombo havia chegado à América.
No caso do Beato Cristóbal, foi assassinado pelo seu próprio pai, que o espancou e depois o queimou, furioso pelo trabalho de evangelização do seu filho. Antonio e Juan foram espancados até a morte por membros da sua comunidade.
Os três tinham aproximadamente 12 anos quando morreram.
O Arcebispo assegurou que a canonização será um “presente para a Igreja universal”, que deve acolher “com grande alegria, uma gratidão especial a Deus”, e ao mesmo tempo deve assumir o compromisso “de promover estas crianças, especialmente, entre muitos meninos e meninas que poderão imitá-los em sua vida humana e cristã”.
Dom Moreno Barrón explicou que não foi necessário nenhum milagre para aprovação da canonização das três crianças, porque o processo foi seguido “por caminho da fama de santidade”.
“Não esqueçamos que se trata de crianças mártires. E o martírio lhes dá acesso à santidade”, disse.
O Prelado mexicano indicou que o Papa Francisco levou em consideração que os cardeais e bispos membros da Congregação para as Causas dos Santos, que analisaram a profundidade da documentação sobre os três beatos, foram a favor da canonização.
Só falta esperar que o Papa Francisco anuncie a data para a canonização, no próximo consistório, disse o Arcebispo.
Dom Moreno Barrón destacou que “são os primeiros mártires da América e, no dia que essas crianças forem canonizadas, será uma bênção não só para Tlaxcala, mas para todo o México, a América e o mundo inteiro”.
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Esta canonização, sublinhou, “será um impulso muito forte para descobrir o chamado à santidade de uma maneira especial das crianças, adolescentes e jovens”.
Por sua parte, o Pe. Cristóbal Gaspariano, porta-voz da Diocese de Tlaxcala, assegurou que recebeu a notícia da canonização “com grande alegria” e assinalou que “são anos de trabalho” para promover a causa e ensinar a vida deles para as crianças da região.
“As paróquias organizaram comissões de Crianças Mártires em todas as paróquias, onde cada dia 23 do mês celebra uma Missa”, disse e explicou que no dia 23 de setembro se celebra a festa dos três beatos.
“Também realizamos peregrinações com cada paróquia ao santuário das crianças mártires” em um evento que reúne cerca de 10 mil pessoas. “Muitos vão vestidos com a roupa típica das crianças mártires”.
“Há anos vivemos esta experiência”, assinalou.
O Pe. Gaspariano disse que “hoje está faltando na Igreja Católica, em geral, que a criança que fez seus sacramentos tenha este espírito missionário, como dizemos na América Latina, que seja um discípulo missionário”.
“Acredito que é um bom momento para retomar o que foi dito em Aparecida, com o exemplo dessas crianças e impulsionemos outra vez esse trabalho pastoral tão necessário na nossa igreja”.
Dom Francisco Moreno Barrón recordou que o hoje Papa Emérito Bento XVI, durante a sua visita a Guadalajara (México), em 2012, recordou as crianças mártires de Tlaxcala “na praça e os apresentou como exemplo às crianças do México”.
“E, recentemente, os Bispos do México, decidimos por unanimidade proclamá-los os padroeiros da infância mexicana. Esta documentação foi enviada a Roma e já recebemos a ratificação disso”, assinalou.
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— ACI Digital (@acidigital) 23 de março de 2017