MADRI, 31 de mar de 2017 às 11:05
Almudena Cardona e Alberto Setién são um casal de Santander (Espanha), que decidiu seguir em frente com a vida da sua filha Valeria, apesar de saberem que morreria logo depois do seu nascimento.
“Disseram-nos que o bebê nasceria com problemas, que seus rins não funcionavam e que não tinha líquido amniótico, que seus pulmões não se desenvolveriam e que nasceria e imediatamente iria falecer”, assinalou Almudena, ao recordar o dia em que estava previsto que lhe dissessem se era menino ou menina.
“Disseram-nos de forma muito agressiva. Queríamos falar sobre as possibilidades de sobrevivência, mas o médico nos disse que nos entregaria um relatório para ir abortar imediatamente”, recorda Almudena no programa “Firmes na Verdade” da Fundação EUK Mamie-HM Television.
Segundo explica Alberto, apesar das dificuldades que eles tiveram, “desde o primeiro momento tinham a certeza” de que apostariam pela vida da sua filha, mesmo que ela estivesse com ele somente por alguns minutos.
“Desde o primeiro momento que soubemos que nasceria com problemas, a amávamos mais, porque era especial e nunca pensamos em abortá-la”, afirmou Almudena.
A jovem mãe explica a dureza com a que, tanto ela como a sua filha, foram tratadas durante todos os exames médicos, nos quais sempre lhe recordavam a gravidade da doença do bebê e que o aborto era conveniente.
“O médicos me disseram que eu era muito jovem, que se continuasse com a gravidez, esta me causaria um grande peso psicológico, que influenciaria na quantidade de filhos que poderia ter depois, que nos esqueceríamos dela, porque viveria alguns minutos e não haveria nenhuma possibilidade de vida para o bebê”, recorda.
“Ela nascerá, cortarão o cordão umbilical e morrerá”, foram as palavras dos médicos, por isso Almudena assegura que sofreu uma grande pressão para que abortasse.
“Entendo que as pessoas pratiquem o aborto e especialmente em uma situação como esta. Para nós, foi uma pressão contínua”, “em cada visita ao médico, a primeira proposta era o aborto, eles nunca nos ofereciam outra alternativa”, expressou.
De fato, Almudena recordou como uma enfermeira lhe disse que poderiam falsificar o relatório para que pudesse abortar de forma legal, apesar de ter ultrapassado o número de semanas permitidas pela lei.
Quando finalmente os médicos aceitaram que seguiriam em frente com a vida da sua filha, deixaram de se preocupar com eles. “Sentimo-nos abandonados, estávamos desprotegidos”, indicou.
Os pais tentaram encontrar possibilidades para a cura da sua filha, por isso descobriram que no Hospital de La Paz, em Madri (Espanha), há uma unidade especializada em nefrologia, que poderia ajudar no tratamento dos problemas renais da menina.
Em seguida, pediram a transferência da cidade de Santander a Oviedo para um exame neste hospital especializado.
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A ginecologista de Almudena assinou o informe necessário para esta transferência, mas a responsável pela ultrassonografia lhes disse que não. “Ela nos disse que era muito claro o diagnóstico e que não precisava de uma segunda opinião e não colaboraria com isso”, recordou a mãe.
Almudena e a pequena Valeria não puderam visitar os médicos em Madri, porque a responsável pela ultrassonografia recusou a sua ajuda.
Em busca de soluções e apoios, Almudena e Alberto se comunicaram com a Associação Pró-vida de Santander que os envio a um ginecologista especializado em gravidez de alto risco, em Madri.
“Este ginecologista nos ajudou a elaborar um relatório sobre como gostaríamos que fosse o parto, porque se esperássemos que fosse natural, a criança nasceria morta. Por isso decidimos que fosse uma cesariana, que o sacerdote estivesse presente desde o início e estivesse preparado para batizá-la o mais rápido possível”.
Os pais apresentaram os seus desejos ao encarregado deste andar do hospital de Santander que aceitou fazer tudo como eles haviam solicitado.
Também se comunicaram com a Rede “El hueco de mi vientre”, que ajuda a superar a perda de um filho durante a gravidez ou alguns meses depois do nascimento. Neste local, Almudena conheceu uma parteira que a atendeu durante o nascimento de Valeria, sabendo que a menina morreria poucos minutos depois.
Finalmente a pequena nasceu. “Nasceu chorando e pensamos que havia nascido bem”, assegura, mas não foi assim.
“Permanecemos com ela desde o primeiro momento, o sacerdote a batizou logo depois do seu nascimento. Não queríamos que fosse realizada nenhuma medida extraordinária. Colocaram a minha filha no meu peito. Ficamos quase duas horas com ela e pouco a pouco ela morreu”, explicou.
“Sim, foi uma pena. Temos muita paz e não nos arrependemos de jeito nenhum da decisão que tomamos. Nós a sentimos muito perto. E temos a satisfação de ter feito tudo o que foi possível”, afirmou.
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