O Papa Francisco fez um apelo aos meios de comunicação para agir com responsabilidade quando divulgarem as suas notícias, pois a boa informação pode derrubar os muros do medo e da indiferença.

Na entrevista concedida à revista italiana “Libertà Civili”, o Pontífice lamentou que “frequentemente são os mesmos meios que utilizam estereótipos negativos para falar dos migrantes e refugiados. Basta pensar no uso incorreto que, normalmente fazem dos termos que se referem aos migrantes e refugiados”.

“Quantas vezes ouvimos falar de ‘clandestino’ como sinônimo de migrante. Isso não é correto, é uma informação que parte de uma base errada e que impulsiona a opinião pública a elaborar um julgamento negativo”.

O Santo Padre pediu à mídia que informe com a verdade, pois “a boa informação pode derrubar os muros do medo e da indiferença”.

“O outro, o diferente, assusta quando não se conhece”. Em vez disso, “se explicam e transmitem a verdade às nossas casas através de imagens e histórias nas quais são apresentados os aspectos mais humanos e positivos, então o conhecimento vai além do estereótipo e o encontro se torna uma realidade. Quando o medo desaparece, as portas se abrem e a acolhida é feita de forma espontânea”.

Neste sentido, explicou que “a mídia deveria se sentir impulsionada ao dever de explicar os diferentes aspectos da migração, favorecendo a que a opinião pública também conheça as causas deste fenômeno”.

“A violação dos direitos humanos, os conflitos violentos, as desordens sociais, a ausência de bens de primeira necessidade, os desastres naturais e os causados ??pelo homem: tudo isto deve ser contado claramente e permitir, deste modo, o conhecimento justo do fenômeno migratório e, consequentemente, uma justa aproximação”.

Por sua parte, Francisco mostrou sua contrariedade ao “sensacionalismo que a maioria dos meios de comunicação promove atualmente”.

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Esse sensacionalismo é baseado no fato de que “gera mais interesse em um êxito de crônica negra do que uma notícia positiva. E assim se torna mais rentável falar acerca de alguns casos de delinquência que tem como protagonista um migrante, em vez de contar os muitos casos de integração promovidos pelos próprios migrantes”.

Francisco recordou as palavras dirigidas aos líderes europeus reunidos em Roma por ocasião do aniversário da assinatura do Tratado de Roma.

“Como disse aos chefes de Estado e de Governo da União Europeia naquela ocasião, a abertura ao mundo exige a capacidade de diálogo como forma de encontro em todos os níveis, começando pelo encontro entre Estados membros e entre as instituições e os cidadãos, e terminando com o encontro com os muitos imigrantes que chegam à costa da União”.

Finalmente, o Santo Padre pediu uma maior humanidade na maneira de lidar com o tema da imigração: “Não se pode limitar a gerir a grave crise migratória desses anos como se fosse um problema numérico, econômico ou de segurança”.

“A questão migratória expõe uma pergunta muito profunda que é, sobretudo, cultural”, concluiu.

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