LONDRES, 14 de abr de 2017 às 15:00
Um juiz de Londres decidiu nesta terça-feira, 11, autorizar um hospital a desconectar um bebê de oito meses que sofre de uma rara doença genética, provocando a sua morte, contra a vontade dos seus pais de mantê-lo com vida.
Os pais do bebê Charlie Gard já haviam conseguido juntar mais de 1,5 milhões de dólares para levá-lo aos Estados Unidos, para submetê-lo a um tratamento experimental.
Entretanto, os médicos no hospital Great Ormond Street pediram à justiça britânica que lhes autorizasse a desconectar Charlie, que depende de um aparelho para respirar. Eles assinalaram que o bebê tem danos cerebrais irreversíveis, quase não pode se mexer ou chorar e é surdo.
A BBC informou que o juiz Nicholas Francis disse que tomou a decisão de autorizar que Charlie fosse desconectado “com o maior dos pesares”, embora com a “plena convicção” de que era o melhor para ele.
Elogiou os seus pais pela sua “valente e digna” campanha pelo pequeno e pela sua “total dedicação ao seu filho maravilhoso, desde o dia em que nasceu”.
Além disso, um especialista em cuidados intensivos disse que Charlie já não responde aos estímulos e é difícil saber se ele está sofrendo.
O especialista disse ao juiz que havia uma pequena possibilidade de que o tratamento funcionasse, mas isso não tornaria a vida de Charlie “tolerável”.
Charlie Gard nasceu saudável, mas, aos dois meses, começou a perder peso e sua saúde começou a piorar. Ele teve que ser internado no hospital com pneumonia por aspiração.
Foi diagnosticado com síndrome de esgotamento mitocondrial, uma rara doença genética que atinge muito poucas crianças no mundo. A doença provoca enfraquecimento muscular progressivo e pode causar até a morte no primeiro ano de vida.
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Connie Yates e Chris Gard, pais de Charlie, disseram à BBC que o seu bebê “não está sofrendo” e que deveriam lhe dar uma “última chance”.
Disseram que, embora o tratamento pudesse não curá-lo, poderia prolongar a sua vida: “Pode mexer a sua boca e as suas mãos, embora não possa abri-las totalmente. Mas pode abrir os seus olhos e nos ver”, contou Chris.
“Ninguém o conhece melhor do que nós, pois nós passamos mais tempo com ele do que os especialistas”, sublinharam.
“Nós não sentimos que ele esteja sofrendo. Se estivesse sentindo dor, não estaríamos buscando prolongar a sua vida”, acrescentou.
Depois de ouvir o veredicto do juiz Francis, a advogada dos pais disse que o casal “não compreende por que o juiz não autorizou pelo menos que eles tentassem cuidar de Charlie”.
Também disse que precisarão de algum tempo para decidir o que farão agora, mas explicou que “sua prioridade imediata é permanecer com Charlie e passar o tempo com ele”.
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— ACI Digital (@acidigital) 31 de maio de 2016