Diversos especialistas alertaram sobre os perigos da nova séria de Netflix “13 Reasons Why”, nas quais se relata a história de uma adolescente de 17 anos que se suicida e que atribui a um grupo de pessoas as 13 “razões” pelas quais decidiu acabar com sua vida.

A séria é baseada no romance de mesmo nome, que relata a história de Hannah Baker, que não deixa uma nota explicando seu suicídio, mas sim um grupo de fitas cassete nas quais se refere ao que fez ou deixou de fazer cada uma das pessoas as quais responsabiliza por sua morte.

Os criadores da séria assinalam que com esta querem ajudar a lidar com o problema do suicídio, mas vários especialistas expressaram suas preocupações sobre isso.

Leah Murphy, do ministério internacional juvenil Life Teen, assinala que “em nenhum momento na série se trata o tema das doenças mentais e deixa na audiência a ideia de que as pessoas no entorno de Hannah são as responsáveis por sua morte”.

Murphy ressalta este dado, já que “90 % dos suicídios são cometidos por pessoas que têm enfermidades mentais diagnosticadas”.

“Esses problemas de saúde requerem muito mais do que a presença de um bom amigo ou a ausência de alguns problemas sérios: exigem ajuda profissional e séria”.

A especialista lamenta também que se mostre a protagonista da série como uma espécie de “mártir heroica” que deixa uma lição e um legado. Um suicida, precisou, “não se torna herói ou se empodera ao identificar as pessoas ao seu redor como as razões para seu suicídio”.

Chelsea Voboril, Diretora de Educação Religiosa na Igreja Católica Good Shepherd em Smithville, Missouri, disse a CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que ela viu a série com alguns adolescentes e ficou preocupada porque as 13 razões expostas foram consideradas pelos jovens como “legítimas” para que Hannah se suicidasse.

Voboril comentou que realizou um debate com os adolescentes os quais comentaram que, no processo para seu suicídio, a protagonista nunca se aproximou de seus pais ou de um profissional para falar do que se passava.

Ao final da conversa, a especialista pediu aos jovens que queiram ver a série o façam com seus pais ou um adulto responsável e disse que, “às pessoas cujas consciências ainda não estão bem formadas ou possam ser influenciadas por algum dos grandes temas, eu simplesmente pediria que a evitem”.

Owen Stockden, porta-voz de Living Works, grupo especializado em capacitação para lidar com o suicídio, disse a CNA que uma de suas maiores preocupações com a série é a falta de respostas adequadas dos adultos, em especial dos professores e dos conselheiros escolares.

“Na série, o conselheiro de Hannah responde de maneira ineficiente às suas ideias sobre o suicídio”, disse Stockden.

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Por sua vez, a professora e escritora católica Barbara Nicolosi disse que em nenhum dos personagens se vê uma dimensão transcendente e é clara a ausência de Deus.

“A série quer atribuir todos os problemas dos jovens às redes sociais e ao bullying, mas não considera que essas são coisas sintomáticas. A perda da fé, a perda da convicção do amor pessoal de Deus, a perda do sentido de eternidade, todas essas coisas fazem com que o suicídio seja uma resposta lógica ao sofrimento. Nossos jovens não são bobos”, explicou a CNA.

Para o psicólogo católico que dá aconselhamento em St. Raphael, em Denver, Dr. Jim Langley, é curioso que a série mostre os pais de Hannah como pessoas que a amam muito, mas que ao mesmo tempo ignoram o que acontece na escola.

“É importante que os pais tenham um papel ativo na vida de seus filhos, mesmo que se considere prioritário que eles vão se tornando independentes de seus pais, o que é saudável. Entretanto, os pais devem estar envolvidos com eles e fazê-los saber que se importam e se preocupam. Não sejam como os pais de Hannah que parecem estar ausentes na série”, aconselhou o especialista.

 Alguns especialistas também alertaram sobre o fato de que na série não são seguidas várias das “recomendações para informar sobre um suicídio”, uma lista de diretrizes para os meios de comunicação que foi preparada por peritos e jornalistas.

Os especialistas recomendam evitar títulos sensacionalistas e pedem que não se descreva detalhadamente o suicídio, pois há o perigo de que surjam outros suicidas que busquem copiar o mesmo.

Segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), o suicídio é a terceira causa de morte entre as pessoas de 10 a 24 anos. Os estudos mostram também que um suicídio pode gerar outros nas comunidades onde acontecem.

Se você conhece alguém que tem pensamentos suicidas, peça ajuda a quem confie ou a um profissional. No Brasil, é possível entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida, pelo telefone 141. Para mais informações, acesse o site da instituição.

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Para aconselhamentos, procure um sacerdote de sua paróquia ou diocese.

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