FATIMA, 25 de abr de 2017 às 11:00
A comemoração pelo centenário das aparições da Virgem Maria em Fátima e a visita do Papa Francisco à Cova da Iria nos dias 12 e 13 de maio se darão em meio a um “cenário mundial agitado”, conforme declarou Cardeal patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, ao ressaltar porém que Fátima abriu uma “porta salvadora”.
“O cenário mundial é agitado, os problemas globais são muitos e o sentimento de perigo aumentou exponencialmente, quando se sabe ou julga saber de tudo e de toda a parte, rapidamente demais para ser discernido, situado e integrado”, observou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no discurso de abertura da Assembleia Plenária dos bispos católicos, na segunda-feira.
Dom Clemente lembrou o contexto em que aconteceram as aparições da Virgem Maria aos três pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia em 1917, durante a I Guerra Mundial, quando o que aquelas crianças afirmavam não coincidiam com “as notícias correntes”.
“Num ambiente sociopolítico tão agitado, em pleno conflito mundial, com dificuldades grandes para o decurso normal da vida da Igreja aquém e além-fronteiras, aparecerem três crianças numa serra recôndita, a dizerem o que diziam, insistentemente diziam, e basicamente consistia em apelar à conversão, em mudar de vida, em corresponder aos apelos da Mãe de Cristo, para só assim chegar à paz, para só assim a garantir no futuro”, assinalou.
O Purpurado, então, admitiu: “Foi-o então e não sei se será muito diferente hoje em dia”.
Entretanto, pontou o Cardeal em seu discurso, “cem anos depois, o que começou com os pastorinhos foi-se tornando propriamente ‘pastoral’, como conteúdo e prática marcantes. Uma marca de fundo que, mesmo quando desapercebida, acabou por tocar muita gente e moldar muita coisa, bem mais do que parece”.
Dom Manuel Clemente observou que “muita gente foi percebendo, também a partir de Fátima, que os grandes desastres humanitários e pessoais têm raiz mais profunda e consequência mais duradoura do que aquilo que imediatamente parece”.
Nesse sentido, indicou que, “da visão do Inferno em que podemos cair – e as imagens com que os pastorinhos o viram não são assim tão diferentes das que os media hoje nos transmitem, a crianças e adultos, de repetidas destruições e carnificinas por esse mundo além – os videntes passaram ao Coração de Maria, que a graça divina tornou imaculado, para com Ela correspondermos em Cristo à vontade recriadora de Deus, por nós e pelos outros, ‘principalmente os que mais precisarem’”.
“Assim seguiremos um caminho de conversão e regresso em que, pela estrada íngreme que nos leva à Cruz, a salvação acontecerá finalmente”, afirmou, ressaltando que Fátima traz uma “mensagem de esperança”, a qual “se radica na misericórdia divina face aos males do mundo”.
O Purpurado garantiu, então, que “assim mesmo se entenderá a próxima visita do Papa Francisco no presente momento mundial e eclesial, tornado verdadeiro peregrino da esperança, garantida pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria, ícone da humanidade reencontrada no próprio Coração de Deus”.
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“Lembremos – acrescentou – que em 1931, na primeira peregrinação nacional a Fátima, Portugal foi consagrado ao Imaculado Coração de Maria. Que Pio XII lhe consagrou o mundo no 25º aniversário da última aparição, em 31 de outubro de 1942. E que o Papa Francisco o fez também em Roma, em outubro de 2013, diante da imagem da Capelinha, para lá mais uma vez levada nessa altura”.
Dessa forma, citando a Carta Pastoral ‘Fátima, sinal de esperança para o nosso tempo’, recordou que continua no coração de cada pessoa e na sociedade o confronto entre o bem e o mal e que, “cada um de nós é interpelado a corresponder ao chamamento de Deus, a combater o mal a partir do mais íntimo de si mesmo, a compreender o sentido da conversão e do sacrifício em favor dos outros, como fizeram os três pastorinhos, na sua pureza e inocência”.
“E assim mesmo nos aproximaremos do que realmente atrai tantas pessoas a Fátima, individualmente ou em grupo, de Portugal ou do mundo inteiro. Necessidades e urgências de cada um e dos seus, certamente. Mas, em tudo e através de tudo o que possa ser, um apelo mais ou menos apercebido a respostas definitivas”.
Por fim, relembrou as palavras de Ir. Lúcia, uma das videntes de Fátima, para assinalar que “abriu-se em Fátima uma ‘porta salvadora’, pela qual ainda que estreita, se acede à Fonte que finalmente sacia”.
“O mais importante de Fátima é o constante caudal de conversões que daqui corre, com inestimável benefício próprio e alheio”, completou.
A Conferência Episcopal Portuguesa está reunida em Fátima até quinta-feira em uma Assembleia Plenária com eleições para a presidência e as direções das comissões do organismo católico, no triênio 2017-2020.
Para ler a íntegra do discurso de Dom Manuel Clemente, acesse o site da Conferência Episcopal Portuguesa.
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— ACI Digital (@acidigital) 24 de abril de 2017