VATICANO, 25 de abr de 2017 às 08:00
Parece que o latim, cuja existência remonta a várias centenas de anos antes de Cristo, é um objeto de estudo pouco provável para novas investigações, mas a Igreja respondeu abrindo um concurso onde o requisito é o uso desta língua.
A Santa Sé indicou que neste ano o seu concurso de temática humanista, o Prêmio das Pontifícias Academias, será todo sobre o latim. O ganhador será escolhido pelo Papa Francisco e receberá mais de 21.400 dólares.
Por que a Igreja Católica se importa tanto em promover o latim? Por várias razões.
“No Vaticano, os documentos mais importantes emitidos pelo Papa e pela Santa Sé são escritos oficialmente em latim”, disse o secretário da Pontifícia Academia para o Latim, Pe. Roberto Spataro, em conversa com a CNA – agência em inglês do Grupo ACI.
A isto se acrescenta que a versão padrão da Bíblia, chamada a Vulgata, também está escrita em latim.
Além desta razão muito prática, disse o sacerdote, é através do latim que é possível estar em contato com o vasto patrimônio da Igreja ao longo dos séculos e “descobrir que esta mesma linguagem foi durante muito tempo o meio do diálogo entre fé e razão”.
O Prêmio 2017 das Pontifícias Academias é patrocinado pelo Pontifício Conselho para a Cultura e a Pontifícia Academia para o Latim, fundada pelo Papa Bento XVI em 2012 através do Motu proprio Latina Lingua.
Este Motu proprio assegura a importância do estudo e da preservação do latim, mas de modo único.
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“O Papa Bento quis inspirar a Igreja universal para que não esqueça que o latim é a chave de um imenso tesouro de sabedoria e conhecimento”, disse Spataro.
Em 1962, João XXIII emitiu a Constituição Apostólica Veterum Sapientia, na qual “declarou solenemente” que o latim tem três características distintas que fazem desta antiga língua a “legítima língua para a Igreja Católica Romana”, disse Spataro.
Assim como a Igreja é por natureza “católica” ou “universal”, a língua latina também é internacional, não pertence a um país ou local; e como já não é uma língua viva, também é imutável.
Isto “torna-o perfeito para avaliações dogmáticas e litúrgicas, pois tal atividade intelectual requer uma linguagem lúcida que não causa ambiguidade na expressão. É bonito e elegante e a Igreja sempre é amante das artes e da cultura”, explicou o sacerdote.
Organizado anualmente pelo Pontifício Conselho para a Cultura, o Prêmio 2017 das Pontifícias Academias é construído em torno de dois temas: as propostas metodológicas para o ensino do latim contemporâneo e a recepção do latim cristão antigo entre as épocas medievais e modernas.
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O latim é a melhor língua para o exorcismo? https://t.co/UrSrA7xpbr pic.twitter.com/PamW9sB3wU
— ACI Digital (@acidigital) 3 de outubro de 2016