O Papa Francisco surpreendeu um auditório de líderes mundiais reunidos em Vancouver, (Canadá), com uma palestra TED na qual refletiu acerca da importância de construir um futuro juntos.

O Santo Padre dirigiu a sua mensagem no formato TED (Tecnologia, Entretenimento, Design), uma organização sem fins lucrativos que convida diversos especialistas a refletir sobre vários temas, incluindo ciência, arte e design, política, educação, cultura, negócios, questões globais, tecnologia, desenvolvimento e entretenimento.

Entre os conferencistas que participaram do evento, estão: o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, os ganhadores do Prêmio Nobel James D. Watson, Murray Gell-Mann e Al Gore; o cofundador da Microsoft, Bill Gates; os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page.

Atualmente há mais de 1000 palestras TED disponíveis online para consulta e download gratuitos.

Em sua conferência, o Papa Francisco afirmou que “o futuro está formado por você, está formado de encontros, porque a vida acontece através de relações”. “Muitos anos de vida fizeram-me crescer cada vez mais na convicção de que a existência de cada um de nós está ligada à existência dos outros. A vida não é tempo que passa, mas tempo de encontro”.

“Encontrando ou escutando os pacientes que sofrem, os imigrantes que enfrentam enormes dificuldades em busca de um futuro melhor, os presos que carregam o inferno dentro do seu próprio coração, pessoas, especialmente jovens, que não têm trabalho, muitas vezes me acompanha uma pergunta: ‘Por que eles e não eu?’”.

Francisco recordou que “também nasceu em uma família de migrantes: meus pais, meus avós, como tantos outros italianos, foram para a Argentina e conheceram o destino daqueles que ficaram sem nada. Eu também poderia estar entre os ‘descartados’ de hoje. Por isso, no meu coração permanece sempre esta pergunta: ‘Por que eles e não eu?’”.

O Santo Padre expressou o desejo de que este encontro “nos ajude a recordar que precisamos uns dos outros, que ninguém é uma ilha, um eu autônomo e independente dos outros. Podemos construir o futuro somente juntos, sem excluir ninguém”.

“Precisamos cuidar novamente de nossas ligações: até mesmo aquele julgamento duro que carrego no coração contra o meu irmão ou irmã, aquela ferida não curada, aquele mal não perdoado, aquele rancor que me fará somente mal, é um pedaço de guerra que carrego dentro de mim, uma chama no coração que deve ser apagada a fim de que não se transforme num incêndio e não deixe cinzas”.

O Papa assegurou que é possível ser feliz se não nos fechamos em nós mesmos, porque “a felicidade se vive somente como um dom de harmonia de um aos outros”.

Educação

A respeito da tecnologia e dos avanços científicos, o Bispo de Roma manifestou “como seria bom se, enquanto descobrimos novos planetas distantes, redescobríssemos as necessidades do irmão e da irmã que estão orbitando ao meu redor!”.

Nesse sentido, pediu uma “educação à fraternidade” que, sobretudo está relacionada “às pessoas marginalizadas pelos sistemas tecnológico e econômico que muitas vezes colocam no centro não o ser humano, mas os produtos do ser humano”.

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Para Francisco, o amor “requer uma resposta criativa, concreta, engenhosa”. “As boas intenções não suficientes e fórmulas rituais, que muitas vezes servem apenas para aliviar as consciências”.

“Juntos, vamos ajudar a recordar que os outros não são estatísticas ou números: o outro tem um rosto, o ‘você’ é sempre um rosto concreto, um irmão pelo qual somos responsáveis”.

O Papa também afirmou que na sociedade atual “existem feridas provocadas pelo fato de que no centro está o dinheiro, as coisas e nãos as pessoas”.

Entretanto, “nenhum sistema pode anular a abertura ao bem, a compaixão, a capacidade de reagir ao mal que nasce do coração humano”.

“Na noite dos conflitos que estamos vivendo, cada um de nós pode ser uma vela acesa que recorda que a luz prevalece sobre as trevas, não o contrário”.

Um futuro com esperança

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O Santo Padre explicou que, para os cristãos, “o futuro tem um nome: esperança”. “Ter esperança significa ser otimistas, ingênuos que ignoraram o drama do mal da humanidade”.

“A esperança é a virtude de um coração que não se fecha na escuridão, não para no passado, não vive sem objetivo no presente, mas sabe ver o amanhã”.

Francisco também assinalou que a esperança “é uma semente de vida humilde e escondida que se transforma com o passar do tempo em uma grande árvore; é fermento invisível que faz crescer a massa, o que dá sabor à vida”.

Finalmente, falou sobre a “revolução de ternura”, que é “o amor que se faz próximo e concreto”. “É um movimento que parte do coração e que chega aos olhos, aos ouvidos e mãos. A ternura é usar os olhos para ver o outro, usar os ouvidos para ouvir o outro, para escutar o grito dos pequenos, dos pobres, de quem teme o futuro”.

Este “é o caminho da solidariedade, o caminho da humildade”. “Quanto mais você é forte, mais as suas ações têm um impacto sobre as pessoas e mais você é chamado a ser humilde”.

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