Durante um encontro com jornalistas na manhã desta quinta-feira, o Bispo referencial da Pastoral Nacional da Saúde, Dom Roberto Ferreria Paz, reforçou que o aborto “é um holocausto silencioso”, ao contrário do que seus defensores argumentam ao apresentá-lo como questão de saúde pública.

“Pensar que o aborto é o principal método de controle da natalidade é falso, é uma falácia. É genocídio, é holocausto silencioso. Segundo, o aborto não é uma questão de saúde pública, porque saúde é o direito a nascer. Que saúde vai ter um feto abortado?”, questionou o Prelado no último Meeting Point com jornalistas na 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida.

Dom Roberto, que é Bispo de Campos (RJ), reforçou os principais pontos da última nota da CNBB sobre este tema, intitulada “Pela vida contra o aborto”. Segundo ele, esta nota “coloca uma posição muito clara, sintetiza os grandes argumentos e, ao mesmo tempo, questiona as falsas saídas”.

Nesse sentido, reafirmou a posição da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”.

Ao defender que “o direito à vida é incondicional”, citou o trecho da nota na qual se afirma que este direito “permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu”.

“Estas – comentou o Bispo – são as situações em que, às vezes, certas legislações pretendem terminar com a vida humana, situações de fragilidade”.

Dom Roberto recordou que a nota da Conferência Episcopal foi lançada após uma decisão da primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o aborto até o terceiro mês de gestação não é crime.

Diante disso, reforçou a posição da CNBB, que repudia “atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar”.

“Cabe ao Congresso legislar e alterar por emendas a Constituição, não aos juízes”, acrescentou o Prelado.

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Além disso, assinalou a defesa do direito à objeção de consciência, “de modo que nenhum médico pode provocar o aborto contra a sua consciência”.

Por outro lado, salientou que a vida humana é preciosa e que o necessário por parte do Estado é “maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças”. “Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos”, disse, citando a nota da CNBB.

“Poderia colocar uma incoerência que a gente vê de um ambientalismo que acredita em salvar as baleias e não defende com igual empenho a espécie humana”, expressou.

“Ora, sejamos racionais, a vida humana é preciosa, nunca será um problema, pelo contrário, é uma solução. Nós nunca podemos cair nessa falácia de impedir que venham mais convidados à mesa, mas, o que temos que fazer é repartir o bolo”, acrescentou.

O Bispo referencial da Pastoral da Saúde também falou sobre a defesa da vida do ponto de vista cristão afirmando que “a maternidade divina, a maternidade de Jesus, prova que Jesus foi zigoto, foi embrião, foi nascituro e seu nascimento é celebrado no Natal”.

“Nós celebramos no dia 25 de março a Anunciação, quando se deu no ventre de Nossa Senhora a encarnação do Verbo divino. Então, defendemos a vida. Está ligado a uma revelação e a um fato: o Filho de Deus se encarnou e nasceu na nossa história”, completou.

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