Roma, 17 de mai de 2017 às 15:00
O Bispo de Bangassou (República Centro-africana), Dom Juan José Aguirre Muñoz, arriscou a sua vida para evitar que cerca de mil muçulmanos fossem assassinados pela guerrilha anti-Balaka, em um dos recentes acontecimentos de violência que atingiu o país africano.
Conforme informou a agência vaticana Fides, o Prelado participa na mediação que convenceu algumas centenas de rebeldes a deixarem a cidade de Bangassou, localizada no sudeste do país, onde se realizaram os episódios de violência mais dramáticos das últimas semanas. Esta missão é liderada pelo Cardeal Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo de Bangui, da qual Bangassou é sufragânea.
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— cope.es (@cope_es) 29 de novembro de 2015
A agência Fides indicou que algumas centenas de rebeldes membros dos anti-Balaka aceitaram deixar a cidade, onde mil pessoas estavam refugiadas na mesquita, 1.500 na igreja e 500 no hospital. Além disso, cerca de 3 mil habitantes da cidade se refugiaram na República Democrática do Congo.
Segundo informações recebidas pela Agência Fides, no domingo, 14 de maio, Dom Juan Jose Aguirre Muños, Bispo de Bangassou, arriscou a vida ao defender os mil fiéis muçulmanos que se abrigaram na mesquita.
Milicianos que ameaçavam o local de culto islâmico atiraram, matando uma pessoa que estava ao lado do Bispo, que ficou ileso.
Por sua parte, a Missão das Nações Unidas na República Centro-africana informou que estão em andamento operações para evacuar os fiéis refugiados na mesquita.
Em outubro de 2016, Dom Aguirre Muñoz assinalou ao Grupo ACI que depois da trégua de paz durante a visita do Papa Francisco à República Centro-africana, o país voltou a uma nova espiral de violência.
Nesse então, o Prelado advertiu que a guerrilha rebelde islamista Seleka e sua rival Anti-Balaka – formada por não muçulmanos – reiniciaram os ataques não só entre ambos, mas também contra a população local, tanto cristãos como muçulmanos.
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Além disso, denunciou que entraram no país guerrilhas estrangeiras como o Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês), cujo líder, Joseph Kony, é o criminoso de guerra mais procurado de todo o continente africano depois de protagonizar vários episódios de extermínio contra a população ugandesa.
Deste modo, em 2014, Dom Aguirre rechaçou alegações que afirmavam que a guerrilha Anti-Balaka seja cristã, como assinalam alguns meios. O Prelado indicou que este grupo é formado “por diversas pessoas terrivelmente exaltadas” que querem se vingar do Seleka e por “aqueles muçulmanos que não fizeram nada contra o Seleka neste momento”.
“Se há cristãos no Anti-Balaka são uma minoria de jovens histéricos que se rebelaram contra o Seleka”, expressou. Mas insistiu que as comunidades cristãs “de jeito nenhum estão praticando esta violência contra os muçulmanos”.
“As igrejas cristãs estão cheias de muçulmanos em busca de refúgio”. “Eles vivem nas paróquias e nas missões cristãs, são acolhidos pelos cristãos. Os cristãos estão vivendo horrorizados, sofrem pela morte violenta de muçulmanos”, assegurou em fevereiro 2014 em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre.
Também indicou que a Igreja Católica na República Centro-africana “quer o perdão, quer passar a página, busca a reconciliação, não deseja vingança nem mais violência”.
Confira também:
Bispo alerta: violência volta a crescer na República Centro-africana https://t.co/lhxWtO27pa
— ACI Digital (@acidigital) 29 de outubro de 2016