O Grupo de Trabalho Mulher e Diversidade da Pastoral Carcerária e a Pastoral da Juventude promovem em São Paulo um evento que contará com a presença da Teóloga Ivone Gebara, religiosa que se assume como feminista e defende iniciativas como a descriminalização do aborto.

O encontro, que tem por tema “Teologia a partir do sagrado feminino”, acontecerá no domingo, 21 de maio, na Casa de Oração do Povo de Rua, na capital paulista, e os organizadores afirmam que se insere “na perspectiva da celebração do Ano Mariano”.

Os grupos que organizam o evento sustentam que este debate será importante porque “Maria é aquela que se comprometeu com a causa de seu povo negro e pobre. Necessitamos de uma teologia que evidencie tantas mulheres que como Maria se comprometeram com a vida e libertação de seu povo”.

Além disso, defendem que a pastoral tem o trabalho de “ir ao encontro de todas as ‘Marias’ de hoje, mulheres, travestis, transexuais, que estão presas, são oprimidas e violadas em sua dignidade”.

 

Entretanto, em uma recente entrevista publicada no dia 11 de maio no site da revista ‘TPM’, publicação de linha feminista, a religiosa expressa que Nossa Senhora Aparecida não representaria as mulheres no catolicismo, pois “Nossa Senhora acaba sendo uma figura submissa e os discursos sobre ela, na grande maioria, são elaborados por homens”.

Ivone Gebara pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora – Cônegas de Santo Agostinho. É doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica).

Dedica-se à chamada ‘teologia feminista’ e costuma lançar questionamentos sobre a figura de Deus por ser masculino, a função das mulheres na Igreja, bem como temas ligados ao aborto, ao casamento homossexual, entre outros.

Ela sustenta que “a teologia feminista quer desconstruir o direito natural, patriarcal e machista que a hierarquia católica impõe”.

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Gebara ganhou destaque na mídia na década de 1990, ao declarar em uma entrevista à revista ‘Veja’ que era a favor da descriminalização do aborto. A freira considera que “a mãe tem, sim, algum direito sobre a vida que carrega no útero”. “O feto não pode sobreviver sem ela e, nessa osmose primordial, é lícito considerar que não tem sua própria vontade”, diz.

Em 1995, o Vaticano determinou que ela deveria ficar dois anos estudando teologia na Europa e que não poderia se manifestar publicamente nem conceder entrevistas.

Passado esse período, quando realizou seu doutorado na Bélgica, Gebara retomou sua militância pela legalização do aborto, sendo membro do Conselho Consultivo das autodenominadas Católicas pelo Direito de Decidir, uma ONG que defende tal prática.

Na recente entrevista ao site da revista ‘TPM’, a religiosa pontuou: “Digo sempre que o Vaticano, ao me punir, me celebrizou”.

Além disso, voltou a declarar que “a mãe tem direito sobre o seu próprio corpo”. “Nem em caso de fetos anencéfalos a Igreja Católica tem permitido o aborto. Essas questões são do âmbito da saúde pública e não de um dogma religioso”, afirmou.

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