CARACAS, 23 de mai de 2017 às 13:00
O Arcebispo de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa, pediu ao Ministério Público para investigar as denúncias de maus-tratos e tortura a detidos nas manifestações que desde 1º de abril se registram contra o governo de Nicolás Maduro.
Em declarações divulgadas pelo Escritório de Imprensa da Arquidiocese de Caracas, o Purpurado assinalou que “existem muitas denúncias – pelo que ouvimos – a existência de denúncias de maus-tratos, inclusive torturas, aos presos em diversos cárceres do país”.
Além disso, o Cardeal Urosa indicou que “querer julgar civis em tribunais militares é totalmente indevido”.
No domingo, o líder da oposição Henrique Capriles denunciou que nos 51 dias de protestos em todo o país 2.632 pessoas foram presas. “2.632 pessoas foram detidas. Continuam presas 1.050 pessoas”, disse em declarações à imprensa o também governador do estado de Miranda.
Capriles disse que “331 civis foram levados aos tribunais militares” e 168 permanecem presos sob “jurisdição militar”.
Em declarações difundidas pela Arquidiocese de Caracas, o Cardeal Urosa advertiu que tanto a tortura e os maus-tratos, quanto o julgamento dos civis pelos tribunais militares “é inconstitucional e ilegal”, porque, “com isso, não será administrada uma verdadeira justiça, de tal modo, que deve cessar imediatamente”.
Por isso, exortou o Ministério Público a corroborar a veracidade das denúncias, porque “não se pode maltratar muito menos torturar nenhum preso”.
O Purpurado, que no domingo presidiu na capital o Dia de Oração pela Paz na Venezuela, se dirigiu também aos membros das forças armadas e policiais que são enviados às áreas onde ocorrem as manifestações.
“Eles não têm um motivo para usar o gás lacrimogêneo à queima-roupa nas pessoas, nem atirar e permitir que as pessoas atirem, porque também estão agindo grupos paramilitares, que todo o mundo já viu nos vídeos”. “Isso deve cessar imediatamente”, exigiu.
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Em seguida, o Cardeal Urosa se referiu à reunião de sexta-feira entre a Comitê Presidencial para a Assembleia Nacional Constituinte e representantes do Episcopado, liderados pelo seu Presidente, Dom Diego Padrón.
O Arcebispo recordou que a reunião foi solicitada pelo presidente deste comitê, o governante Elías Jaua. “Nós, bispos, recebemos todos os setores”, assinalou.
“A reunião era necessária para reiterar a rejeição da CEV à Assembleia Nacional Constituinte, porque não é necessária, não se justifica, distrai dos problemas reais do país e irá criar novas divisões”, indicou o Cardeal Urosa.
“Há diversos fatores que a tornam muito questionável, como por exemplo, que não tenha sido convocado um referendo para que o povo diga se quer ou não esta Constituinte”, acrescentou o Purpurado, que recordou o pedido da Igreja para que se resolva a escassez de remédios e alimentos e para que cesse a repressão.
“Os bispos têm sido muito claros e estamos sempre prontos para defender os direitos do nosso povo”, afirmou.
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— ACI Digital (@acidigital) 20 de maio de 2017