MADRI, 25 de jun de 2004 às 14:03
Ao referir-se às mudanças que estão sendo feitas na sociedade espanhola nos últimos tempos, o Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio María Rouco, lembrou a importância da liberdade religiosa no sistema democrático e indicou que reduzir este direito ao privado é pretender negá-lo.
“Querer reduzir este direito à esfera privada é pretender negar a liberdade religiosa”, disse o Purpurado, indicando deste modo que é “um direito central e um eixo para a configuração de qualquer sociedade democrática".
“Trata-se de um direito que negado, limitado ou não desenvolvido arrasta consigo o humus onde podem ser ignorados ou não desenvolvidos ou não respeitados os demais direitos fundamentais do homem". Por isso, afirmou o Arcebispo, este direito não poder ser classificado como individual".
Em suas declarações transmitidas pela rede radial COPE, o Cardeal lembrou que “as democracias européias nascidas depois da Segunda Guerra Mundial" foram "um bom marco para a realização da missão da Igreja", sem esquecer que "nasceram sobre um reconhecimento prévio e básico dessa ordem de reconhecimento da liberdade da pessoa humana e dos direito fundamentais, da primazia do bem comum" que não se pode abandonar.
Mais adiante, o presidente da Conferência Episcopal Espanhola reconheceu o aumento da "indiferença principalmente entre os jovens". Afirmou que o processo de secularização interna da Igreja "é mais grave e amplo em quase todos os demais países europeus que na Espanha".
"A vida dos cristãos, formas e modos de exercer a missão e ministério da Igreja tem sido secularizada”, declarou o Cardeal, acrescentando que, entretanto, também há “formas de revitalização e renovação internas que são apostólicamente muito prometedoras".
A Igreja na Espanha, apontou, "tem conservado muito Povo de Deus, de forma muito simples e muito autêntica. Os movimentos, associações voltam a respirar e manifestar o que são. A piedade popular na Espanha é um fenômeno de uma incrível vitalidade e força de transmissão da fé".
Segundo o Cardeal, "há um processo vivo de secularização interna junto com um processo de renovação espiritual e apostólica interna de primeira ordem na Igreja da Espanha neste momento, com uma incidência enorme na juventude. Na Europa não há um fenômeno que possa ser comparado nestes momentos com a realidade da jventude na Espanha, principalmente, e também em outros países da Europa".
O Cardeal Rouco ressaltou a enorme necessidade de lembrar neste tempo que o cristianismo se propagou" pelo testemunho, pela vida evangélica, por uma forma de viver na qual se refletia Cristo e seu rosto” ao mesmo tempo destacou a "floração de novas formas de organização, de união, de presença na vida pública, na sociedade, na política, etc.", às quais classificou como "sinal de esperança".