VATICANO, 16 de jun de 2017 às 11:00
O Papa Francisco afirmou que a corrupção está na origem das graves violações dos direitos humanos e da dignidade das pessoas e fez um apelo à unidade para combatê-la, pois introduziram inclusive na Igreja em forma de “mundanismo espiritual”.
O Santo Padre fez esta explicação no prefácio do livro-entrevista do Cardeal Peter Turkson, intitulado “Corrosão”.
Na introdução, Francisco assinalou que a corrupção está na raiz etimológica da exploração e do tráfico de pessoas, da falta de desenvolvimento, do tráfico de armas e drogas, da injustiça social, do desemprego, da escravidão e da degradação da natureza.
“A corrupção é a arma, a linguagem mais comum das máfias e das organizações criminosas do mundo”, afirmou.
Nesse sentido, também disse que “a corrupção quebra tudo isso, substituindo o bem comum com o interesse pessoal que contamina toda perspectiva geral. Nasce de um coração corrupto. É a pior praga social, pois cria problemas graves e crimes que envolvem todas as pessoas”.
Além disso, exortou a permanecer vigilantes contra possíveis atitudes corruptas, pois “todos estamos expostos à tentação da corrupção, inclusive quando pensamos que a derrotamos”.
Em seguida, explicou que a corrupção ocorre quando se rompe a tripla relação do homem com Deus, com o próximo e com a criação de intervalos. “Quando o homem respeita as exigências dessas relações é honesto, assume a responsabilidade com retidão de coração e trabalha pelo bem comum. Quando, pelo contrário, é corrompida, essas relações se quebram. Portanto, a corrupção expressa, em geral, a vida desordenada do homem caído”.
“O corrupto assume a atitude triunfalista da pessoa que se sente mais inteligente e mais astuta do que os outros. Entretanto, a pessoa corrupta não percebe que está construindo a sua própria prisão. Um pecador pode pedir perdão, um corrupto esquece de pedir”.
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O Papa também advertiu que a corrupção da Igreja “é a mundanidade espiritual, a tepidez, a hipocrisia, o triunfalismo, o fazer prevalecer somente o espírito do mundo em nossas vidas e o sentido de indiferença”.
“É com esse conhecimento que nós, homens e mulheres da Igreja, podemos nos acompanhar a nós mesmos e à humanidade que sofre, especialmente aquela que permanece oprimida pelas consequências criminais e a degradação gerada pela corrupção”.
Diante desta corrupção que parece generalizada na sociedade, o Pontífice fez um apelo à unidade. “Devemos falar da corrupção, denunciar os males, compreendê-la, mostrar o valor da misericórdia diante da mesquinhez, a curiosidade e a criatividade sobre o cansaço resignado, a beleza sobre o nada”.
“Nós, cristãos e não cristãos, somos flocos de neve, mas se nos unirmos, podemos nos tornar uma avalanche: um movimento forte e construtivo. Eis o novo humanismo, este renascimento, esta recriação contra a corrupção que podemos realizar com audácia profética”.
“Devemos trabalhar todos juntos, cristãos e não cristãos, pessoas de todos os credos e ateus para combater esta forma de blasfêmia, este câncer que mata as nossas vidas. É preciso tomar consciência urgentemente. Para isso, são necessárias educação e cultura da misericórdia. É necessária também a colaboração de todos, segundo as próprias possibilidades, talentos e criatividade”, conclui.
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— ACI Digital (@acidigital) 18 de novembro de 2016