WASHINGTON DC, 26 de jun de 2017 às 18:00
O especialista em medicina interna, Dr. T. Brian Callister, decidiu ser médico para salvar muitas vidas e fazer a diferença, mas esse desejo foi suprimido devido à lei de suicídio assistido nos Estados Unidos.
Recentemente, o também diretor de Medicina Nacional da Família de Hospitais LifeCare, com sede em Nevada, disse que negaram o tratamento de dois pacientes dele nos dois meses que ambos precisavam dos procedimentos para salvar suas vidas.
Em ambos os casos, o médico solicitou uma transferência do hospital aos seus estados de origem: um na Califórnia e o outro em Oregon. Entretanto, os seus planos de saúde recusaram esta transferência e, além disso, perguntaram a Callister se já havia oferecido aos seus pacientes o suicídio assistido.
“Eu estava sozinho. A melhor coisa que eu podia fazer era pensar ‘ah, isso ainda não é legal aqui’. Disseram que se eles voltassem poderiam cuidá-los”, disse Callister em 23 de junho, em uma entrevista à CNA – agência em inglês do Grupo ACI.
Além disso, afirmou que em nenhum momento indicou que ele ou seus pacientes estivessem interessados ??no suicídio assistido. Entretanto, ofereceram-lhes, pois era a opção mais barata.
As leis de Transferência e Responsabilidade de Seguro Médico (HIPPA), que regem a privacidade da informação do paciente, limitam os detalhes que Callister pode ter nestes casos.
Entretanto, o especialista indicou que um desses pacientes acabou indo para um nível inferior de atenção, mas não recebeu o tratamento; enquanto a outra pessoa se sentiu tão frustrada que deixou o hospital. Finalmente, nenhum dos dois recebeu a atenção recomendada pelo seu médico.
Callister disse que, em ambos os casos, a atenção recomendada era um procedimento médico padrão e não uma terapia experimental, que muitas vezes os planos de saúde não cobrem por diversas razões.
“A maioria das pessoas vê o suicídio assistido como um tema de liberdade e autonomia, e realmente é o oposto quando olha para os meus casos, pois o acesso à atenção e outras opções estão sendo limitadas por esta lei. Está recortando a sua opção, não acrescenta nada mais”, disse Callister.
O suicídio assistido por médico é legal em vários estados e está tendo mais impulso desde o caso da paciente de câncer Brittany Maynard, em 2014.
Muitos líderes da Igreja Católica, como o Papa Francisco, se manifestaram contra este método chamando-o de “falsa compaixão”. Por sua parte, Dom José Gómez, Arcebispo de Los Angeles, disse em certa ocasião que o suicídio assistido “é um fracasso da solidariedade” e abandona os mais vulneráveis ??da sociedade.
Os casos do Dr. Callister não são a primeira vez que negam cuidados e oferecem a morte aos pacientes. No caso de Stephanie Packer, esposa e mãe que sofre de uma doença terminal, o seu plano de saúde negou a cobertura do tratamento de quimioterapia, entretanto, podia cobrir os remédios para acabar com a sua vida por apenas 1,20 dólares.
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Dr. Callister explicou que, muitas vezes, os defensores do suicídio assistido argumentam que é necessário que as pessoas evitem um sofrimento insuportável no final da sua vida; mas este argumento ignora os avanços nos cuidados paliativos que controlam a dor.
“Atualmente temos excelentes cuidados paliativos, atenção hospitalar, temos educação, a habilidade e remédios para manter o paciente confortável”, disse.
Além disso, os opositores do suicídio assistido indicam que não há suficientes garantias legais possíveis para se proteger contra a coerção e o abuso, tanto pelos planos de saúde como pelos membros da família que podem se beneficiar financeiramente com a morte de um familiar.
“É ilegal que uma família coaja o paciente. Como vão regular isso? A polícia irá à sua casa? Tudo parece que está bem no papel, mas é praticamente não aplicável, realmente não é assim”, manifestou Callister.
Outro argumento usado pelos defensores do suicídio assistido é que eles seguem as mesmas diretrizes que os médicos para encaminhar os pacientes ao hospital ou aos cuidados paliativos: apenas sugerem o suicídio assistido para pacientes terminais com diagnóstico terminal com seis meses ou menos de vida.
Mas o problema com isso, disse Callister, é que os médicos costumam estar errados quando se trata de diagnósticos terminais: a margem de erro é de aproximadamente 50% a 70%. Alguns pacientes morrem antes do tempo esperado, enquanto muitos também sobrevivem apesar dos seus diagnósticos, às vezes durante vários anos.
“Meu ponto de vista é: se não temos certeza de quanto tempo de qualidade de vida resta à pessoa, por que tirar a sua vida? E a segunda coisa é que quando é evidente que a pessoa está morrendo, que está em suas últimas semanas, nós temos a capacidade de estar tranquilos. Então, por que precisamos dessa lei?”, acrescentou.
Finalmente, disse que como médico com 30 anos de experiência, analisou que o fim da vida é um dos momentos mais importantes para que uma família se reconcilie.
“Vejo mais amor aos outros, mais famílias curadas e reunidas, mais famílias reconciliadas no final da vida do que em qualquer outro momento”, concluiu.
Confira também:
O plano de saúde dessa mãe não cobria quimioterapia, mas medicamento para suicídio https://t.co/JimGIekia0
— ACI Digital (@acidigital) 24 de outubro de 2016