O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, descreveu como “falso e injusto” o relatório divulgado pela Associated Press (AP), que acusou o Hospital Bambino Gesú, conhecido como o “Hospital do Papa” de suposta má gestão, negligência e por ter provocado a morte de oito menores.

“Nenhum hospital é perfeito, mas é falso e injusto” difundir a ideia de que no hospital pediátrico Bambino Gesu “existem sérias ameaças à saúde” das crianças hospitalizadas, expressou Burke na última segunda-feira à tarde, referindo-se às acusações da agência de notícias norte-americana.

Na segunda-feira, a agência AP divulgou um relatório que acusa o Vaticano de más condições hospitalares higiênicas que afetam a saúde dos pacientes. “Conforme o hospital ampliava os seus serviços e tentava converter uma iniciativa deficitária do Vaticano em uma fonte de lucro, às vezes as crianças pagavam o preço”, disse a agência.

Entre outras coisas, a agência também garantiu que para economizar dinheiro, o hospital “fez um pedido de agulhas baratas que se quebravam quando injetadas nas pequenas veias”.

Segundo informou o jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, Burke criticou este relatório e garantiu que o Hospital do Papa “é um hospital do qual a Igreja está orgulhosa pelo cuidado excepcional fornecido às crianças e dezenas de milhares de famílias – muitas das quais precisam ser ajudas financeiramente – e que são testemunho todos os anos”.

Nesse sentido, o porta-voz do Vaticano assinalou que “depois de ter ouvido as reclamações sobre os cuidados no hospital há três anos, a Santa Sé imediatamente as investigou seriamente. Depois de recolher as críticas, uma equipe médica foi responsável por examinar as acusações e visitar” o local.

A investigação permitiu comparar “um nível excepcional de cuidado e que as acusações eram sem fundamento”, afirmou Burke.

Indicou que, de fato, a única crítica se referia “ao espaço insuficiente na unidade de cuidados intensivos” e que “os funcionários do hospital são conscientes e trabalham para melhorar” este aspecto.

Burke recordou que “a Igreja vê os cuidados de saúde como uma missão” e, portanto, acolhe todos os esforços a fim de ajudar a melhorar o atendimento dentro dos seus hospitais.

Hospital apresenta relatório

Por sua parte, as autoridades do Hospital Bambino Gesù apresentaram ontem um relatório sobre a sua atividade na área da saúde e científica em 2016, entre elas destaca o aumento de transplantes de órgãos e de projetos de pesquisa que permitiram identificar 10 novas doenças consideradas “raras”.

O Hospital Bambino Gesù é o único hospital pediátrico europeu onde se realizam

todos os tipos de transplante. Em 2016, foram realizados 339 transplantes de órgãos e tecidos, 4% a mais do que no ano anterior.

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Além disso, começaram 242 projetos de pesquisa e 423 estudos clínicos nos quais participaram 5.300 pacientes. No total, 750 médicos, biólogos e outros profissionais da área da saúde se envolveram em projetos de investigação científica promovidos pelo hospital.

Apesar de ter assumido o diagnóstico e tratamento de pacientes com casos cada vez mais complexos, o que aumenta o risco de infecção hospitalar, o Hospital Bambino Gesù conseguiu diminuir o número de infecções hospitalares de 7,6% em 2006 para 1,8% em 2016, ou seja, 76% menos em 10 anos.

Em 2016, o centro atendeu 80.015 urgências, 412 foram transportes neonatais de emergência e 81 transportes de helicóptero. Também ofereceu 1.696.279 transportes em ambulância.

Além disso, o relatório revela que durante o ano passado disponibilizaram 200 camas para as famílias das crianças internadas no hospital gratuitamente, beneficiando 3.700 famílias.

Durante o ano passado, também foram realizadas 27.058 cirurgias e 26.947 admissões ordinárias. O hospital atendeu gratuitamente por razões humanitárias 102 pacientes estrangeiros.

Durante a apresentação do relatório, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, expressou sua “grande satisfação pelos resultados do Bambino Gesù. O hospital se tornou uma família, uma comunidade”.

Destacou a “estima, confiança e proximidade do Santo Padre pelo hospital” e sublinhou que o “Bambino Gesù é uma obra extraordinária de inteligência e de caridade do Papa e da Igreja. Conjuga ciência e acolhida”.

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O Hospital Bambino Gesù foi fundado em Roma, em 1869, foi a primeira instituição de saúde pediátrica da Itália. Em 1924, foi doada à Santa Sé e se tornou o “Hospital do Papa”. Em 1985, recebeu o reconhecimento como Instituto de Atenção Hospitalar e de Investigação Científica.

Em 2006, recebeu a certificação por parte da Joint Commission International, que reconhece a excelência na hospitalidade e na qualidade dos seus tratamentos. Em 2014, inauguraram um novo laboratório de pesquisa com as tecnologias de pesquisa genética e celular.

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