Roma, 10 de jul de 2017 às 18:00
“É impossível que um mafioso ou corrupto possa ser padrinho de batismo ou de casamento”, expressou o Arcebispo de Monreale (Itália), Dom Michele Pennisi, um dos principais impulsionadores da proposta para que a Igreja aprove um decreto que excomungue mafiosos e corruptos universalmente.
Em declarações a ‘Europa Press’, afirmou que “excomungar essas pessoas é uma pena medicinal. O Papa diz que a corrupção é uma doença que precisa ser curada”. “A doença é grave e é preciso um medicamento forte”, reiterou o Prelado, cuja diocese é sufragânea da Arquidiocese de Palermo, na ilha da Sicília.
Nesse sentido, assinalou que “também é necessário proibir funerais religiosos e que os mafiosos não podem ser padrinhos de batismo ou casamento”.
Em 17 de junho, o Departamento para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral informou sobre as conclusões do primeiro “Debate Internacional sobre a corrupção”, realizado no Vaticano em 15 de junho, do qual participaram cerca de 50 juízes antimáfia e anticorrupção, bispos, líderes de movimentos, vítimas, jornalistas, entre outros.
Em um comunicado, o Dicastério anunciou que no futuro irá se aprofundar acerca “da questão da excomunhão por corrupção e associação mafiosa”.
Dom Pennisi explicou que “se trata de uma proposta de aplicar a excomunhão da Igreja Católica àquelas pessoas que cometeram delitos de máfia, mas não só a nível italiano, onde já está vigente na Sicília e na Calábria, mas em todo o mundo”.
“Não existe somente a máfia na Sicília, a Camorra em Nápoles ou a Ndrangheta na Calábria. Existem também os cartéis de narcotraficantes no México, a máfia russa”, assinala nas declarações divulgadas por ‘Europa Press’ no dia 4 de julho.
Necessidade de um decreto
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Durante a entrevista, o Prelado disse que é necessário que a Santa Sé aprove um decreto universal porque poderia influenciar nas dinâmicas mafiosas.
Dom Pennisi assinalou que existem pessoas mafiosas ou corruptas “que se declaram cristãs ou católicas e vão à Missa aos domingos”. “Assim, cria-se um grave problema de consciência. Devem escolher entre a vida mafiosa ou a católica, porque são excludentes”, advertiu. “Não podem se autoproclamar católicos ou cristãos e continuar sendo corruptos ou mafiosos”.
“Na Sicília e Calábria, a religião está muito presente como também na América Latina, sobretudo em relação à piedade popular. E essas pessoas mafiosas e corruptas costumam participar de procissões religiosas ou vão aos santuários”, explicou. Neste sentido, valorizou o ato do Pontífice como um marco “importante para condenar a máfia e a corrupção como males absolutos”.
Em suas declarações, Dom Pennisi explicou que para que a excomunhão seja revogada é necessário um verdadeiro arrependimento. “A pessoa se converte não só intimamente, mas tenta reparar os danos causados, restituir o dinheiro e pedir perdão às suas vítimas. Então, poderia existir o perdão”, indicou.
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— ACI Digital (@acidigital) 18 de novembro de 2016