A Igreja Católica pode ter milhares de anos, mas os seus bispos estão se adaptando rapidamente às exigências de comunicações no século XXI. Se a Igreja procura evangelizar eficazmente o mundo moderno, argumenta um grupo de bispos, seus pastores devem se envolver na internet, mas de maneira correta.

A coisa mais importante para os católicos que se envolvem na internet, especialmente sacerdotes e bispos, é se assegurar de levar Cristo com eles, disse Dom Daniel Flores, Bispo de Brownsville, Texas (Estados Unidos).

“Se nós não estamos falando sobre o Evangelho e o que Jesus disse hoje, então todas as outras coisas serão simplesmente polêmicas, e os nossos jovens estão cansados das polêmicas”, disse Dom Flores em uma coletiva de imprensa.

Os jovens, acrescentou, querem saber o que Jesus tem a dizer sobre vários temas e conversas que ocorrem na internet.

“Acho que, de fato, temos certa obrigação de santificar as redes sociais”, afirmou.

O Prelado falou sobre o uso das redes sociais em um painel de discussão no dia 2 de julho, durante o evento “Convocação de Líderes Católicos: A alegria do Evangelho na América”, realizado de 1º a 4 de julho em Orlando, Flórida.

Dom Flores compartilhou o painel com o Dr. Hosffman Ospino, professor de teologia e religião no Boston College; o Arcebispo de Atlanta, Dom Wilton Daniel Gregory; e o Arcebispo de Washington, Cardeal Donald Wuerl.

Kim Daniels, um membro da Secretaria de Comunicação do Vaticano, também destacou a oportunidade aberta nas redes sociais em seu discurso no dia 3 de julho, na convenção católica.

Indicou que de muitas maneiras as redes sociais são uma “periferia” moderna, onde se reúnem muitas pessoas cujas necessidades são negligenciadas. “É claro que precisamos envolver as pessoas onde elas estão, e o lugar onde as pessoas estão são as redes sociais em seus próprios dispositivos”, disse.

Daniels também destacou que a Igreja tem milhares de anos de experiência em comunicar e reunir as pessoas e isso pode levar aos espaços da internet.

“Sabemos o que é ser uma rede interligada mundial. Sabemos que esses tipos de comunidades precisam de estabilidade e de fidelidade, e precisam de misericórdia e relação e nós podemos levar esses dons a eles”.

Como um exemplo desses tipos de dons usados na Igreja atualmente, Daniels encorajou a olhar para o Papa Francisco como um “comunicador extraordinário”.  O seu entusiasmo, honestidade, conversa franca e resistência a gírias o torna eficaz para levar o Evangelho às periferias, inclusive na Internet, disse.

Dom Flores destacou a necessidade de levar Cristo aos espaços da Internet. “Há uma coisa que faço todos os dias: tuitear o Evangelho do dia”, disse sobre seu uso pessoal do Twitter.

“Se há algo que eu quero que as pessoas saibam sobre o bispo, é que a primeira coisa que fazem de manhã é falar sobre algo que Jesus disse no Evangelho, porque esse é o contexto do qual devemos conversar”, disse.

“Talvez você não vá conseguir ter muitos seguidores se comenta o Evangelho todos os dias, mas tem um efeito”, destacou.

Entretanto, os bispos e os fiéis católicos podem usar as redes sociais de outras maneiras que valem a pena, sublinhou o Prelado. “Tenho Twitter e provavelmente me divirto mais do que deveria”, brincou.

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Dom Flores disse também que muitas vezes tira fotos dos grupos nos seus encontros de crisma e os seus crismandos compartilham suas fotos online e falam sobre o encontro.

“Esta é uma oportunidade de dizer que estão felizes por ser católicos”, declarou.

A sua diocese também ajuda os alunos do ensino médio a usar as redes sociais para desenvolver habilidades em jornalismo através do seu Projeto de Jornalismo Móvel.

O Cardeal Wuerl também assinalou a necessidade de que os bispos desempenhem um papel mais ativo nas redes sociais, reconhecendo os desafios que representam para aqueles que não cresceram com a internet.

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“Precisamos ser capazes de fazer parte da conversa”, alertou. “Se a Igreja não faz parte das suas conversas, não estamos falando com eles”, disse.

Por sua parte, Dr. Ospino pontuou que em muitos lugares dos Estados Unidos esta colaboração entre as gerações não é a norma para o uso das redes sociais na Igreja e indicou que há uma constante “discrepância” entre os líderes na igreja e aqueles que usam as redes sociais.

Além disso, assinalou que a maioria dos líderes católicos são leigos, sacerdotes e religiosos com idades entre 50 e 70 anos.

“É muito provável que essas pessoas não estejam tuitando dia e noite”, disse. Em vez disso, encorajou os líderes católicos a aprender como os jovens estão interagindo com as redes sociais e as conversas que eles têm.

Nesse sentido, o Prelado fez uma advertência diferente. Embora esteja de acordo que os bispos e os leigos deveriam usar as redes sociais com mais eficácia, também expressou a sua preocupação pelas suas limitações.

“Há um grande desafio, entretanto, com as redes sociais, e acho que é que enfatiza as relações com cada pessoa. Não oferecem a oportunidade de um sentimento de pertença a um grupo maior do que você mesmo”, disse.

O Prelado recordou que “a Igreja é esta comunidade que está formada por todos nós juntos e, sem essa capacidade para destacá-lo e expressá-lo, a melhor rede social do mundo não terá uma dimensão única do que significa ser Igreja”.

“Não significa que não a usemos, mas também temos que reconhecer as suas limitações para levar a mensagem do Evangelho”, indicou.

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