SANTIAGO, 27 de jul de 2017 às 13:00
Após concluir a Semana Teológica Pastoral da Arquidiocese de Santiago, no Chile, que este ano se centralizou nos desafios da antropologia cristã frente às novas ideologias, o Arcebispo local, Cardeal Ricardo Ezzati, refletiu sobre como deve ser a atitude da Igreja com as “pessoas do mundo secularizado”.
“Como servir e como dialogar com as pessoas do mundo secularizado, ao qual queremos anunciar a riqueza da salvação de Cristo, desde nossa essencial vocação de uma Igreja sinal da pessoa de Jesus, de sua Palavra e de seus gestos de salvação e de misericórdia?”, perguntou o Cardeal na mensagem conclusiva.
Baseado no Concílio Vaticano II, nas Cartas de São Pedro e na Encíclica Gaudium et Spes, o Cardeal Ezzati acrescentou que a Igreja deve optar por um diálogo que exige reciprocidade e pedagogia para anunciar e defender a Verdade.
Em sua mensagem, recordou as palavras de Bento XVI, que expressou que “a Igreja necessita de pastores convincentes que saibam resistir à ditadura do espírito do tempo e, decididamente, saibam viver com fé e determinação”.
Do mesmo modo, recorreu à exortação apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco, que expressa que “uma coisa é compreender a fragilidade humana ou a complexidade da vida, e outra é aceitar ideologias que pretendem dividir em dois os aspectos inseparáveis da realidade”.
O Arcebispo de Santiago expressou que como ponto de partida da Igreja está no e “dentro do mundo, não ao lado ou em contraposição com o mundo”.
Portanto, assumir o diálogo significa optar por uma “atitude de cooperação” e de “reciprocidade” que “não é ingenuidade, mas capacidade de escutar, discernir e saber oferecer o dom da própria fé das convicções mais profundas que brotam da Palavra de Deus”.
O diálogo deve ser um serviço que ofereça “caminhos de autêntica humanização” para alcançar “a fraternidade universal que corresponda a sua altíssima vocação humana”.
Do mesmo modo, o Prelado destacou que a Igreja “não caminha à margem, em paralelo ou contra o mundo” e não deveria se preocupar com adjetivos como “obscurantistas, fundamentalistas, talibãs, retrógrados ou conservadores”, entre outros.
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Ao contrário, “deveríamos nos preocupar com o fato de o Evangelho não ser acolhido como Boa Nova, não consiga ‘transformar a partir de dentro e renovar a humanidade’”.
Ao finalizar, o Cardeal Ezzati explicou que “a sociedade chilena é cada vez mais pluralista, por isso é importante não fechar os olhos frente a esta realidade e buscar itinerários pastorais adequados para o primeiro anúncio e a educação da fé, da mensagem evangélica de Jesus Cristo”.
A Semana Teológica Pastoral, realizada de 18 a 21 de julho, teve como lema “Homem e Mulher Deus os criou: Desafios atuais da Antropologia Cristã”.
As temáticas abordadas foram: Antropologia e teologia do matrimônio e da família e sua interpelação a partir da ideologia de gênero; ideologia de gênero em suas consequências jurídicas para a família; ideologia de gênero à luz da revelação cristã; e consequências teológicas, antropológicas e antecedentes da ideologia de gênero.
Durante os quatro dias, sacerdotes, diáconos permanentes, religiosos, leigos, agentes pastorais, equipes pastorais de vicariatos regionais e ambientais escutaram as apresentações de especialistas no tema.
Participaram Klaus Droste, psicólogo e doutor em Humanidades, Universidade Abat Oliba CEU; José Tomás Alvarado, advogado e doutor em Filosofia pela Universidade de Navarra (Espanha); Tomás Henríquez, advogado, mestre em Direito Europeu pela Universidade de Georgetown e presidente de ‘Comunidad y Justicia’; e Álvaro Ferrer, advogado e doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (Chile), entre outros.
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— ACI Digital (@acidigital) 2 de dezembro de 2016