BUENOS AIRES, 27 de jul de 2017 às 14:00
“O aborto me tirou minha filha e meu neto”, denunciou através das redes sociais Verónica Azoar, mãe de uma jovem de 17 anos que faleceu por causa de um aborto por misoprostol na Argentina.
O fato aconteceu em 2015 em Esquel, uma cidade do noroeste da província de Chubut, e foi levado aos tribunais em julho deste ano.
Mediante um vídeo, Verónica relatou que no dia 1º de dezembro de 2015, sua filha, Keila Jones, de 8 semanas de gestação, foi ao hospital El Maitén para pedir ajuda a uma assistente social por não saber enfrentar a situação.
A jovem foi encaminhada para se submeter a uma “interrupção legal da gravidez”, utilizando o mecanismo previsto pelo protocolo de “abortos não puníveis” estabelecido pela ex-presidente Cristina Kirchner em 2015.
Deram-lhe misoprostol e a deixaram em observação. Depois de um tempo, Keila telefonou para sua mãe do hospital.
“Minha filha me chamou. Eu fui imediatamente ao hospital e falei com a médica e ela me disse que o que minha filha tinha era uma menstruação forte e que podia leva-la para casa”, relatou Azocar.
Um vez em casa, a jovem continuou com fortes dores abdominais. Sua mãe voltou a recorrer à profissional que a tinha atendido e ela que filha “tinha piorado” com um quadro de gastroenterite.
Passaram vários dias e Keila continuava com dores. No sábado, 5 de dezembro, foram duas vezes ao hospital e, na segunda vez, a jovem foi encaminhada ao Hospital Zonal de Esquel.
“Chegamos lá e disseram que tinham que operá-la, porque tinha líquido no abdômen que não sabiam do que era. Operaram-na e fui então que soubemos que tinha feito um aborto”, recordou Verónica.
Keila passou por duas cirurgias e, “na segunda operação, disseram que já estava tomada, que estava tudo infectado pelo aborto. Não davam esperança de vida”.
“Foi nesse dia que minha filha apagou. Faleceu e eu perdi minha filha e meu neto”, lamentou Verónica.
“Eu quero que isso seja divulgado, o que minha filha passou, para que haja justiça para ela e que haja castigo para todos os que fizeram isso”, afirmou Verónica Azocar no vídeo publicado em 21 de julho.
“O aborto mata”, sustentou esta mãe. “Se tua filha está grávida, ajude, acompanhe, console”.
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“O aborto não é vida, não é saúde. O aborto me tirou minha filha e meu neto e quero justiça por isso”, concluiu.
Julgamento
Os pais de Keila denunciaram o fato aos Tribunais de Esquel e, em 31 de julho começarão um julgamento para estabelecer a suposta responsabilidade penal da médica que executou o aborto.
A partir da certidão de óbito, da autópsia e demais perícias, o procurador da Comarca concluiu que a morte “ocorreu como consequência do processo incompleto do aborto, ao não ter retirado (prévia determinação ou exploração) os restos da gravidez de dentro do útero”, segundo informou o jornal ‘El Patagónico’.
Isso gerou “um quadro de choque séptico refratário que provocou a morte da jovem, ocorrida em 6 de dezembro de 2015, às 16h40, no Hospital Zonal de Esquel”, assinalaram.
A acusação da Procuradoria contra a médica é por “abuso de sua ciência ou arte” e, além disso, indica que “não foi possível observar nem sequestrar o documento que contenha a declaração de ‘vontade suficiente’ efetuada pela paciente”.
Esta deveria ter sido “emitida logo após receber por parte da profissional de saúde a informação clara, precisa e adequada sobre o seu estado de saúde; o procedimento proposto; os benefícios esperados do procedimento; os riscos e efeitos colaterais previsíveis”.
Também deveria ter sido informada sobre “a especificação dos procedimentos alternativos e seus riscos, benefícios e prejuízos em relação ao procedimento proposto; as consequências previsíveis da não realização do procedimento proposto ou dos alternativos especificados”, diz a acusação.
Por sua parte, a defesa da médica acusada sustenta que este documento existe, mas foi extraviado em uma mudança.
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— ACI Digital (@acidigital) 11 de julho de 2017