MONTEVIDÉU, 28 de jul de 2017 às 13:00
O Bispo de Salto (Uruguai), Dom Pablo Galimberti, denunciou as “incoerências ou discurso duplo” do governo em matérias como a comercialização legal da maconha, o aborto e a educação; normativas que nos últimos anos debilitaram a cultura da vida, da família e dos valores na sociedade.
O artigo de Dom Galimberti, publicada no ‘Diario Cambio’, tem como raiz o início da venda legal da maconha nas farmácias no último dia 19 de julho, a quase cinco mil consumidores que estão inscritos em um registro nacional.
Apenas os residentes no Uruguai podem ter acesso a um máximo de 10 gramas por semana e 40 por mês, e é o Estado que está responsável pelo controle do cultivo, empacotamento e venda.
Dom Galimberti disse que a comercialização da maconha, “ideia lançada, discutida e aprovada durante o governo” de José Mujica, é uma medida perigosa.
“A nova etapa, com consumidores registrados não elimina magicamente as perguntas que se colocavam antes da legalização. O consumo abusivo não elimina os efeitos sobre o cérebro. As pesquisas do NIDA (National Institute on Drug Abuse), por exemplo, provam-no de modo irrefutável”.
Em outra ocasião, no mesmo jornal, Dom Galimberti lamentou “que o dogmatismo oficialista não prestou a atenção que merecem os especialistas e que o debate no senado foi um diálogo de surdos”.
Do mesmo modo, disse que a legalização da maconha “descumpre o artigo 44 da Constituição, segundo o qual, é dever doestado procurar o ‘desenvolvimento físico, moral e social de todos os habitantes do país’”.
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Em sua coluna, Dom Galimberti assinalou que outra “incoerência flagrante é no que diz respeito ao valor e cuidado da vida”, que ocorre no “chamado direito ao aborto, por mais que o dissimulem chamando-o de interrupção voluntária da gravidez ou por mais que ignorem os dados científicos de que o DNA que identifica por toda a vida se encontra já no primeiro instante da concepção”.
“O que surpreende é que os que propagam o aborto argumentam contra a Igreja como opositora. Mas, sistematicamente ignoram os argumentos científicos” interpostos por Tabaré Vázquez, atual presidente do Uruguai, para vetar a lei em outubro de 2008, em seu primeiro mandato presidencial.
Por outra parte, “o nível de escolaridade colide com enormes dificuldades e buscou-se aliviar a situação com o ‘passe social’ que facilita que os estudantes com 15 anos possam ser promovidos sem importar as classificações (qualificações)”, indicou o Bispo.
Também “o slogan ‘Uruguai país natural’ para atrair turistas e, por sua vez, incentivar a população a cuidar do meio ambiente, é ambíguo. A reciclagem e triagem do lixo nos bairros da capital e do interior deixam a impressão de que os uruguaios estamos longe de uma real cultura do cuidado responsável do meio ambiente”.
Confira também:
Seria ético legalizar a maconha para usos medicinais? Especialista responde https://t.co/7aFK3Iy7UT
— ACI Digital (@acidigital) 16 de fevereiro de 2017