BUENOS AIRES, 31 de jul de 2017 às 16:00
Alejandro “Lulo” Benítez é um jogador de futebol argentino que sempre sonhou em ficar conhecido por seus gols, mas foi um ato de amor que o levou a se tornar conhecido para além dos campeonatos de seu país, depois que decidiu abandonar a carreira para poder salvar a vida de seu sobrinho doando parte do seu fígado.
Lulo tomou a decisão de doar parte de seu fígado para seu sobrinho Milo, de 9 meses, após a família saber que esta era a única alternativa para salvar a vida do menino, que nasceu com uma má-formação que obstruía os canais que transportam a bílis do fígados até a vesícula.
A mãe de Milo, Natalia – irmã gêmea de Lulo –, também era compatível com o menino, porém, não podia se submeter à operação, pois quando era criança passou por uma cirurgia no coração. Foi então que o jogador de Central Larroque (da séria C argentina) não duvidou em se tornar doador, mesmo que isso implicasse pendurar as chuteiras.
“Em primeiro lugar para mim era a saúde do meu sobrinho e nada me importava mais do que isso”, declarou em entrevista à CNN, ressaltando que são “uma família muito unida, com três irmãos. Quando me disseram, eu não tive dúvidas. Eu teria que abandonar o futebol, mas não me importei”.
No dia 6 de julho aconteceu o transplante no Hospital Austral de Pilar. No momento da cirurgia, Lulo recorda que houve algumas complicações e os médicos chegaram a pensar em interromper o procedimento. “Graças a Deus não interromperam”, disse.
A cirurgia de Lulo durou sete horas, a de Milo, doze. Segundo declarou ao jornal ‘El Argentino’, os primeiros dias após o procedimento foram mais difíceis, quando estava entubado e com soro. Porém, ressaltou que o mais complicado foi ter que esperar dias para poder ver Milo.
Lulo recordou que “quando a ficha caiu após a operação, tive um ataque de nervos, queria ver o Milo, mas ainda estava sendo operado. Assim que pude vê-lo, me tranquilizei”.
O atleta revelou à CNN que o momento do reencontro com seu sobrinho “foi a coisa mais emocionante que aconteceu na minha vida”. “Era outra pessoa. Vê-lo ali na incubadora e comecei a cantar as canções que costumava lhe cantar e ele sorrindo, a verdade é que isso me emocionou muito e comecei a chorar”.
Lulo recebeu alta hospitalar e retornou para sua cidade natal de Larroque, onde foi recebido como herói, com direito a faixas e cartazes. Por sua vez, Milo teve “alta ambulatória” e precisa retornar ao hospital duas vezes por semana para observação.
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Os pais de Milo, Natalia e Wilfredo Romani, agradeceram “a energia positiva, as correntes de oração e todas as pessoas que estiveram pendentes da operação” do menino.
No Facebook, Wilfredo postou um agradecimento, ressaltando que o “ato de amor familiar” de Lulo “superou os níveis da coragem”. “Amor, união, família são a chave”, assegurou, desejando que todos possam estar juntos logo “para seguir desfrutando da união familiar que é o que nos mantém sempre de pé”.
Quanto a Lulo, embora a operação não o obrigasse a se aposentar, explicou que o fígado não irá se regenerar completamente e que precisa de repouso durante quase um ano e, caso retorne aos campos, há o risco de receber golpe da área afetada. Além disso, pesa a questão da idade, uma vez que o atleta está com 30 anos.
De acordo com o atleta, ser doador foi motivo de reflexão e valorização por cada instante da vida e dos entes queridos. Mais ainda, “se não fosse pela ajuda de Deus e a ciência isso não teria sido um êxito”, por isso”, sempre agradeço a Deus e à notei, quando deito”, disse ao Grupo ACI.
“Doar é uma satisfação muito grande!”, acrescentou.
Porém, o atleta possui mais um motivo para comemorar, pois sua esposa está grávida e terão o primeiro filho. Ele ainda não sabe se contará essa história ao seu herdeiro, pois, como explicou, “é um ato de amor” e “se souber, será porque alguém lhe contou”. “Acredito que é o que qualquer um faria por um ente querido”.
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— ACI Digital (@acidigital) 7 de dezembro de 2015