SÃO PAULO, 18 de ago de 2017 às 12:00
Na exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, o Papa Francisco convida “a lançar um olhar de misericórdia e de acolhida” a “casais e famílias em situação irregular”, “sem diminuir em nada a doutrina tradicional sobre matrimônio e família”.
Foi o que garantiu o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer em um recente artigo intitulado ‘Família: pode sempre contar com a Igreja’, publicado no site da Arquidiocese paulista.
Segundo o Purpurado, “a Igreja continua a falar da família, ‘conforme o plano de Deus’, apesar de todos os discursos divergentes e até contrários ao seu ensinamento sobre o casamento e a família”.
Para tal, assinalou, “a Igreja parte de suas convicções de fé, a partir da revelação divina”. Assim, citou que Deus criou o homem e a mulher, “abençoou-os, mandando que se unissem e tivessem filhos e formasse família”, o que é confirmado por Jesus que diz “não separe o homem o que Deus uniu”.
Nesse sentido, questionou, “quem poderia, pois, colocar-se contra o desígnio de Deus a respeito da família, sem desencadear sérias consequências para a família e o que ela representa para a humanidade?”.
Dom Odilo ressaltou que “casamento e família não são mera criação da sociedade”. Para ele, mesmo que “os rituais da celebração do casamento, as leis sobre matrimônio e sobre o papel social da família” possam variar, isso não muda a essência e as finalidades do casamento e da família.
“Segundo sua natureza própria, o casamento existe entre homem e mulher, com comprometimentos recíprocos de amor e fidelidade e com as finalidades da procriação, da satisfação e do apoio recíproco dos cônjuges”, pontuou.
Nesse sentido, ao explicar que “casamento e família são anteriores ao Estado e suas leis”, reforçou que “este tem o dever de amparar e proteger ambas as instituições”.
Não protegendo o casamento e a família, indicou, o Estado “compromete suas próprias bases” e leva ao aparecimento de “problemas para as pessoas, para a sociedade e para si próprio”.
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Como exemplo, citou que a “liberalização do divórcio, a equiparação das uniões livres à união assumida pelo vínculo matrimonial e família são fatores de enfraquecimento da família e de destruição social, estando na origem de numerosos e dolorosos dramas pessoais e sociais”.
É neste sentido que, conforme explicou o Cardeal, a Igreja não considera “o casamento uma instituição falida e superada”, nem compartilha “do pensamento de quem considera a família um barco à deriva, que já não tem mais salvação e, por isso, deve ser abandonado ao naufrágio”.
Por outro lado, reconheceu ser “inegável” o fato de que “a família e o casamento, atualmente, são atingidos por forte crise, que leva ao fracasso inúmeros casamentos”, de onde resultam “famílias feridas por compromissos não mantidos, humilhações, abandono e até violências”.
Entretanto, assegurou, “elas precisam ser acolhidas, compreendidas e ajudadas”.
Dom Odilo, então, recordou que, na exortação Amoris Laetitia, o Papa Francisco “mostra caminhos para uma nova atenção pastoral da Igreja em relação às situações de dor nas famílias e em relação aos casais que vivem em situações irregulares, perante a norma da Igreja”.
“É importante crer que Deus não fecha as portas nem desampara ninguém neste mundo, embora possam ter existido erros e decisões erradas e inconsequentes”, afirmou, ao assinalar que as famílias em situação irregular “continuam sendo membros da Igreja e não devem ser excluídos”.
Confira também:
Só a partir do amor na família se pode regenerar o mundo, afirma o Papa https://t.co/pQ7GtD1FJ5
— ACI Digital (@acidigital) 30 de março de 2017