O Arcebispo de Barcelona, Cardeal Juan José Omella, e o presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Cardeal Ricardo Blázquez, condenaram os atentados terroristas registrados em Barcelona e na cidade de Cambrils, e rechaçaram que usem a religião e o nome de Deus para cometer atentados terroristas.

Em declarações à estação de rádio COPE, pertencente à Conferência Episcopal, ambos os cardeais rechaçaram qualquer tipo de justificativa religiosa para esses crimes. O Cardeal Omella afirmou com força que, “em nome de Deus, não se pode cometer ataques”.

Indicou que “Deus é o Deus da vida e do amor em todas as religiões. Especialmente na nossa, na católica, onde Deus morre para salvar o homem. Esse caminho de destruição não é religião nem vem de Deus e nunca pode ser tolerado. A religião deve nos levar à convivência e à paz. Somente as pessoas que se separam desse caminho são os que danificaram a fé e a religião”.

O ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico, ocorreu na quinta-feira, 17 de agosto, às 17h, quando uma van atropelou dezenas de pessoas que passeavam na área turística de Las Ramblas, em Barcelona.

Poucas horas depois, a polícia frustrou um segundo ataque na vizinha cidade de Cambrils. No total, em ambos os ataques, 14 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas.

Por sua parte, o Cardeal Ricardo Blázquez recordou que “nenhuma ideia religiosa justifica um ato violento” e garantiu que “a fé não se transmite imposta com violência, mas quando é proposta com respeito”.

O presidente da Conferência Episcopal Espanhola afirmou que “nenhum ato terrorista tem justificativa. O caminho nunca é a violência terrorista, mas o respeito a todas as pessoas é o verdadeiro caminho para a construção do futuro e da paz agora e sempre”.

“Hoje todos nós nos sentimos especialmente atingidos por esse acontecimento tão tortuoso”, indicou o Cardeal Blázquez na entrevista. Além disso, pediu “unir a voz de condenação a um trabalho em unidade para alcançar a paz”.

Por outro lado, garantiu que os cristãos se sentem especialmente comprometidos com a paz, pois “sabemos que um dos nomes mais relevantes que Jesus recebe no Novo Testamento é ‘Jesus é a nossa paz’”.

“Não podemos nos apoiar de nenhuma maneira, ninguém pode apoiar-se de nenhuma maneira, na prática da violência. Todos somos chamados a que a família humana que constituímos seja uma verdadeira família”.

O Cardeal sublinhou que “a religião e a fé não se transmitem violentamente. É transmitida como uma proposta, não como imposição. É proposta com respeito, também com entusiasmo, não com cansaço, mas o religioso não pode ser imposto através da violência”.

“A pessoa responde a partir da liberdade mais profunda de si mesmo para dizer ‘sim’ a Deus, e não por imposição, uma imposição que a obriga a viver de maneira exterior em um ambiente religioso, mas sem uma convicção profunda. A fé não é imposta, o Evangelho deve ser proposto”.

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Finalmente, o presidente da Conferência Episcopal também destacou que o terrorismo islâmico afeta todos nós e pediu para não criminalizar os muçulmanos, pois, “quantitativamente, são as principais vítimas do Daesh. Nós, cristãos, também estamos, intencionalmente, sob a sua perspectiva, mas devemos ver as diversas orientações às quais se dirige este tipo de terrorismo. Não se deve identificar com o Islã”.

Condenação da Comissão Islâmica

Além disso, a comunidade muçulmana espanhola, através da Comissão Islâmica, uniu-se à condenação do atentado e às mensagens de solidariedade e apoio às vítimas através de um comunicado no qual expressa “a sua mais enérgica condenação e rechaço pelo atentado terrorista perpetrado em Barcelona”.

“Os muçulmanos espanhóis expressam suas condolências às famílias das vítimas, desejando a recuperação dos feridos e manifestam a sua solidariedade ao povo de Barcelona e da Espanha”, afirmou Riay Tatary Bakry, presidente da Comissão Islâmica da Espanha.

Funeral

Por outro lado, à espera da data e do local do funeral oficial das vítimas, o Arcebispo de Valência, Cardeal Antonio Cañizares, celebrará uma Missa de funeral pelos falecidos e pela recuperação dos feridos no ataque em Barcelona no sábado, 19 de agosto.

O funeral será às 19h na Catedral de Valência. As manifestações de luto se espalharam por toda a Espanha algumas horas depois do ataque. Assim, as bandeiras foram içadas à meio haste em todos os edifícios oficiais, assim como nos edifícios eclesiásticos e das outras instituições públicas e privadas.

O ato mais importante para recordar as vítimas aconteceu nesta sexta-feira, às 12h (hora local), na praça da Catalunha de Barcelona, onde uma multidão fez um minuto de silêncio e, em seguida, gritaram: “não tenho medo”.

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