No próximo dia 8 de setembro, durante a sua visita à Colômbia, o Papa Francisco presidirá a cerimônia de beatificação de Dom Jesús Jaramillo Monsalve e do Pe. Pedro María Ramírez Ramos, conhecido como o Padre de Armero.

A Missa será realizada na cidade de Villavicencio e estimam a participação de um milhão de pessoas. As virtudes heroicas de ambos os mártires foram reconhecidas pelo Santo Padre em 7 de julho através de um decreto.

Para conhecer a importância desta beatificação para os colombianos, detalhamos os acontecimentos que marcaram a vida de Dom Jaramillo e do Padre de Armero.

Martírio e amor episcopal

Dom Jesús Emilio Jaramillo nasceu em 14 de fevereiro de 1916, em Santo Domingo, departamento de Antioquia.

Na informação enviada ao Grupo ACI pela Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), contam que aos 13 anos Dom Jaramillo entrou no Seminário das Missões Estrangeiras de Yarumal e foi ordenado sacerdote em 1940, aos 24 anos.

A biografia publicada em um site criado em homenagem ao mártir pelos missionários de Yarumal indica que, enquanto estava no seminário, Dom Jaramillo era um bom aluno e tinha uma predileção pelo pensamento filosófico de Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja.

Dom Jaramillo em sua juventude/ Crédito: Cortesia da Diocese de Arauca

Nos seus primeiros anos de sacerdote, entre as suas tarefas pastorais, era capelão da Prisão de Mulheres de Bogotá. Também se destacou pelos seus sermões na Semana Santa e pelo seu dom de conselho, devido ao qual foi diretor espiritual de religiosas e seminaristas.

Em 1945, foi nomeado professor no Seminário Maior dos Missionários de Yarumal, onde ensinou as matérias de Dogma, Sagrada Escritura, grego e o hebraico. Um ano depois foi nomeado formador dos noviços e logo em seguida foi superior geral.

O sacerdote se caracterizou por transmitir para os seminaristas o ideal da santidade, a oração constante diante do Sacrário e as virtudes sacerdotais.

Na biografia publicada pelos Missionários de Yarumal, é descrito como algum que tinha “um grande e cordial sorriso, uma conversa bem humorada, que se aproximava sempre e não mencionava situações difíceis, oferecia um conselho compreensivo e assertivo, um amor de um pai pelos seus filhos futuros missionários”.

Em 11 de novembro de 1970, o Beato Paulo VI o nomeou Vigário Apostólico de Arauca e Bispo titular de Strumnitza. A sua ordenação episcopal foi em 10 de janeiro de 1971. Foi nomeado Bispo de Arauca e em 1984 ocupou esse cargo até a sua morte.

A informação enviada pela CEC indica que durante anos foi pastor em Arauca, primeiramente como Vigário Apostólico e depois como Bispo. O mártir liderou programas educacativos, de catequese e de saúde que beneficiaram os agricultores e os índios tunebos.

Naquela época, como os habitantes locais sofriam os flagelos da febre amarela, da malária e do paludismo, o Prelado ajudou a fundar o hospital Ricardo Pampuri.

Por outro lado, seu ministério episcopal também foi marcado pelos confrontos entre o grupo guerrilheiro do Exército de Libertação Nacional (ELN) e o governo. Em meio a esta situação, Dom Jaramillo denunciou a violência dos guerrilheiros contra os habitantes e a Igreja.

Em um dos seus escritos, o mártir expressou que a Igreja “deve ser imparcial como uma mãe cujos filhos estão lutando entre eles. Ela não pode ser testemunho de um contra o outro. Essa imparcialidade da Igreja não significa covardia, não, compromisso. Ao contrário, é uma posição heroica, é um sacrifício sangrento em favor do homem”.

O ELN se sentiu ameaçado pela presença do Bispo e, em 2 de outubro de 1989, sequestraram-no e assassinaram-no com tiros. Tinha 73 anos.

A biografia publicada pelos Missionários de Yarumal assinala que Dom Jaramillo estava com um grupo de sacerdotes e leigos quando foi preso pelos guerrilheiros e que o mártir lhes disse: “Se precisam de mim, deixe-os ir”.

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A vida e o trabalho de Dom Jesús Emilio Jaramillo fizeram com que São João Paulo II o propusesse como uma das “testemunhas da fé” no século XX.

Túmulo do Bispo Jaramillo / Crédito: Cortesia da Diocese de Arauca

O Padre de Armero

Pedro María Ramírez Ramos nasceu na província da Huila, em 23 de outubro de 1899. Aos 16 anos entrou no seminário de Maria Imaculada, localizado na cidade de Garzón. Entretanto, retirou-se em 1920 porque queria discernir a sua vocação novamente.

Oito anos depois, entrou no seminário na cidade de Ibagué e foi ordenado sacerdote em 21 de junho de 1931.

Celebrou a sua primeira Missa na paróquia de São Sebastião, localizada na cidade de La Plata, onde foi batizado e fez a sua Primeira Comunhão.

Em seu primeiro ano de sacerdote, o Bispo de Ibagué, Dom Pedro Martínez, o nomeou pároco de uma igreja em Chaparral e, depois de passar por várias paróquias, em 1946 foi nomeado pároco de um templo em Armero, onde permaneceu até sua morte.

Na informação enviada pela CEC ao Grupo ACI, indica-se que “o período em que permaneceu em Armero foi o que marcou o seu caminho à santidade”.

Em 9 de abril de 1948, surgiu na Colômbia uma revolução pelo assassinato de Jorge Eliecer Gaitán, que era candidato a presidente. A localidade de Armero não se salvou dos confrontos provocados pelos simpatizantes de Gaitán.

Naquele dia, o Pe. Ramírez estava voltando para casa depois de visitar os doentes quando escutou o barulho da desordem que havia sido provocada no povo.

Correu para esconder-se na igreja e durante a noite colocou os objetos sagrados e um grupo de religiosas a salvo. Em seguida, permaneceu em oração.

Na tarde do dia 10 de abril, um grupo de pessoas invadiu o templo, profanou-o e exigiu ao Pe. Ramirez que lhes entregasse algumas armas que supostamente estavam escondidas no lugar.

Os seus assassinos não encontraram nenhuma arma e pediram ao sacerdote para que saísse da cidade. Ele se recusou e, em seguida, foi levado ao centro da praça onde o mataram com marretadas.

Antes de morrer, o Pe. Ramirez disse: “Pai, perdoa-os. Tudo para Cristo”.

Placa no lugar onde o Padre de Armero foi assassinado/ Cortesia Luz Aidé Jiménez

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