Em uma mensagem enviada em nome do Papa Francisco aos participantes do “Encontro para a Amizade entre os Povos”, que começou no domingo, 20 de agosto, na cidade italiana de Rimini, o Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Pietro Parolin, convidou os cristãos a não serem “desmemoriados” e a reviverem a relação com Deus.

O Cardeal afirmou que a edição deste ano do Encontro “é um convite a recuperar as nossas origens dentro de uma história pessoal. Durante muito tempo existia a convicção de que a herança dos nossos pais deveria ser preservada como um tesouro para manter acessa a chama dentro de nós. Não foi assim: aquele fogo que queimava no peito daqueles que nos precederam está desaparecendo gradativamente”.

O Secretário de Estado destacou a falta de memória como um dos principais limites da sociedade atual: “temos pouca memória”. Lamentou que a sociedade não duvida em descartar, “como se fosse um fardo inútil e pesado, tudo o que nos precedeu”.

Entretanto, advertiu que “isso gera uma série de consequências graves. Pensemos na educação: como podemos esperar fazer crescer as novas gerações sem memória? E como pensar em edificar o futuro sem tomar posição a respeito da história que gerou o nosso presente?”.

“Como cristãos, não cultivamos um apego nostálgico a um passado que já não existe. Em vez disso, olhamos para o futuro com confiança”, sublinhou.

Neste contexto, “vivemos em um momento favorável para uma Igreja em saída, mas deve ser uma Igreja rica em memória, impulsionada pelo vento do Espírito Santo a ir ao encontro com o homem que procura uma razão para viver”.

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Do mesmo modo, também advertiu contra “uma doença que pode atingir os batizados e que o Papa chama de ‘alzheimer espiritual’: esquecer a história da relação pessoal com Deus, aquele primeiro Amor que conquistou o homem até fazê-lo seu. Se nos tornamos ‘esquecidos’ do nosso encontro com o Senhor, não estamos mais seguros de nada; então, nos ocupa o medo que bloqueia todo movimento nosso”.

“Como podemos evitar esse ‘Alzheimer espiritual’?”, perguntou-se. “Existe apenas um caminho: atualizar o início, o ‘primeiro Amor’ que não é um discurso ou um pensamento abstrato, mas uma Pessoa. A grata lembrança deste começo garante o impulso necessário para enfrentar os novos desafios que sempre exigem novas respostas, permanecendo sempre abertas às surpresas do Espírito que chegam onde quer”.

Finalmente, perguntou-se “como a grande tradição da fé chega até nós” e “como o amor de Jesus chega a nós hoje”. “Através da vida da Igreja, através de uma multidão de testemunhos que, há dois mil anos, renova o anúncio da chegada de Deus-conosco, e nos permite reviver a experiência do início, assim como aconteceu com eles que o conheceram primeiro”, sublinhou.

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