ROMA, 22 de ago de 2017 às 08:00
Com um funeral de estado foi despedida no último sábado a religiosa alemã Ruth Pfau, de 87 anos, conhecida como a “Madre Teresa” do Paquistão, por ter entregado a sua vida à erradicação da lepra.
Funeral rites of Dr. Ruth Pfau to be held in Karachi today https://t.co/t9MyVQcdr3
— Radio Pakistan (@RadioPakistan) 19 de agosto de 2017
Este tipo de funeral – reservado apenas para chefes de estado e líderes políticos – foi celebrado na Catedral de São Patrício, no estado de Karachi, onde a bandeira paquistanesa foi colocada a meio mastro.
Estiveram presentes no ato importantes funcionários do governo, ex-pacientes, assim como líderes muçulmanos, sijs e hindus. Além disso, foi despedida com uma guarda de honra do Exército, da Marinha e das Forças Aéreas com uma salva de 19 tiros.
O funeral da religiosa da Congregação das Filhas do Coração de Maria foi transmitido por quase todos os canais de televisão, um acontecimento considerado sem precedentes no país de maioria muçulmana.
O corpo de Irmã Ruth, que faleceu em 10 de agosto, foi enterrado no cemitério cristão da cidade.
O trabalho da religiosa foi reconhecido pelas autoridades nacionais, como pelo Primeiro-Ministro do Paquistão, Shahid Khaqan Abbasi, que, ao saber do seu falecimento há alguns dias, disse que “ela pode ter nascido na Alemanha, mas o seu coração sempre esteve aqui”.
Por sua parte, o presidente paquistanês Mamnoon Hussein afirmou então que a dedicação da falecida religiosa “não pode ser esquecida. Ela deixou a sua terra natal e assumiu o Paquistão como o seu lar para servir à humanidade. A nação paquistanesa saúda a doutora Pfau e a sua grande tradição de servir a humanidade continuará”.
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Sua vida
Irmã Ruth Pfau nasceu em Leipzig, Alemanha, em 1929. Quando era criança, uma bomba destruiu a sua casa.
Após a Segunda Guerra Mundial, sua família fugiu do regime comunista da Alemanha Oriental e viajou para a Alemanha Ocidental, onde ela estudou medicina.
Entrou na Congregação das Filhas do Coração de Maria e foi enviada à Índia para unir-se a uma missão em 1960. Em seu caminho, foi presa em Karachi (Paquistão) devido a alguns problemas com seu visto. Em Karachi, encontrou pela primeira vez com a lepra, uma doença que desfigura as pessoas.
Em 1961, viajou à Índia onde treinou para curar e tratar a doença; voltou para o Paquistão e fundou o Leprosário Maria Adelaide, em Karachi, que atualmente possui 157 filiais em todo o país.
Em 2010, em declarações à BBC, a religiosas explicou que “o mais importante é ter devolvido a dignidade” para os doentes de lepra; e comentou que assumiu esta missão ao ver um homem doente e sujo que rastejava, “como se fosse um cachorro”.
Irmã Pfau também se tornou conhecida por resgatar crianças abandonadas pelas suas famílias por medo do contágio.
Recebeu muitos prêmios pelo seu trabalho no Paquistão, entre eles o Ramon Magsaysay Award em 2002, considerado o Prêmio Nobel da Ásia.
A religiosa é autora de vários livros como “To Light A Candle” e “The Last Word is Love: Adventure, Medicine, War and God”, que estará disponível a partir de novembro.
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— ACI Digital (@acidigital) 24 de julho de 2017