ROMA, 2 de set de 2017 às 08:00
Milhares de cristãos se tornaram um sinal de esperança para o futuro da Igreja no Iraque, pois estão voltando às suas aldeias na Planície de Nínive desde que foram libertadas em outubro de 2016 do controle do Estado Islâmico (ISIS).
Pe. Martin Banni, conhecido por ter arriscado a sua vida para salvar o Santíssimo Sacramento de sua aldeia no Iraque, elaborou um relatório, publicado na mídia local, que menciona o número de famílias cristãs que voltaram para Nínive, que “historicamente é considerada a terra natal dos cristãos iraquianos”.
Em declarações ao Grupo ACI, Pe. Banni comentou que demorou mais de uma semana para terminar este relatório e que conseguiu a informação depois de falar com os sacerdotes das aldeias de Qaraqosh, Bartella, Karamlesh, Telkef, Tesqopa, Badnaya, Bakofa, Bashiqa e Bahzani.
Em seu relatório, o sacerdote iraquiano assinalou que antes da chegada do ISIS em meados de 2014, viviam 50 mil pessoas em Qaraqosh. Depois que os cristãos abandonaram o local, havia apenas 25 mil habitantes. Após a libertação da cidade, mil famílias voltaram a Qaraqosh.
Na aldeia de Bartella viviam 10 mil pessoas e, depois da chegada dos terroristas, dos peshmerga, das forças curdas, evacuaram toda a população. Após a sua libertação, 50 famílias voltaram ao local.
Na aldeia do Pe. Banni, Karamlesh, moravam 840 famílias e, depois da invasão do Estado Islâmico, permaneceram apenas 550 famílias. Após a libertação, voltaram cerca de 70 famílias. O sacerdote comentou que servirá mais alguns meses na capital de Bagdá e também voltará.
Outra localidade, Telkef tinha 35 mil habitantes, entre eles 3.500 eram cristãos. Após a chegada do ISIS, permaneceram 750 pessoas e ninguém voltou ainda. A mesma situação aconteceu na aldeia de Badnaya, onde viviam 910 famílias e permaneceram 450 depois da invasão terrorista.
Pe. Banni assinalou que ainda não sabem com certeza quantos cristãos voltaram para a aldeia de Tesqopa. Antes do conflito, viviam 1.450 famílias e 825 permaneceram lá.
Enquanto isso, antes do ataque do ISIS na pequena cidade de Bakofa viviam cerca de 70 famílias. Depois da expulsão dos terroristas, voltaram cerca de 30.
Em Bashiqa viviam 750 famílias e, após a ocupação dos jihadistas, permaneceram 550. Até o momento, apenas 60 voltaram.
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Por último, na aldeia de Bahzani, moravam 350 famílias e, depois da invasão do Estado Islâmico, restaram 240. Atualmente, voltaram somente 40 famílias.
Pe. Banni disse ao Grupo ACI que nas estradas que ligam os quase 80 quilômetros entre a cidade de Erbil, onde a maioria dos cristãos se refugiou, e a Planície de Nínive não há proteção do exército iraquiano.
“Existem apenas cerca de 200 soldados: as Nineveh Plain Protection Units (NPU), que são cristãos que se ofereceram voluntariamente para proteger essas famílias”, expressou.
Também comentou que atualmente há muitos projetos na região para reconstruir as casas destruídas e, assim, incentivarque mais pessoas voltem para os seus lares. Acrescentou que a eletricidade e o serviço de água foram reinstalados na região.
Em junho de 2014, os jihadistas invadiram a região e obrigaram os cristãos a ir embora ameaçano-os de matá-los caso não se convertessem ao islamismo ou eram obrigados a pagar um imposto de submissão. Inclusive em cidades como Mosul, os cristãos foram traídos por seus vizinhos e amigos muçulmanos.
De acordo com o ministério das relações religiosas na região autônoma do Curdistão, o ISIS destruiu cerca de 100 locais de culto na Planície de Nínive e em Mossul e a maioria eram templos cristãos.
Por sua pate, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) lançou uma campanha para reconstruir cerca de 13 mil casas de cristãos que foram destruídas pelos terroristas.
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— ACI Digital (@acidigital) 29 de agosto de 2017