Villavicencio, 8 de set de 2017 às 13:10
Em sua visita a Villavicencio, no dia da Natividade da Virgem Maira, o Papa Francisco celebra uma Missa multitudinária, na qual beatificou Dom Jesús Jaramillo, Bispo de Arauca, e Pe. Pedro Ramírez, mártir de Armero.
Depois de escutar o pedido dos bispos de Arauca e Garzón para que sejam incluídos no número dos beatos, o Papa Francisco pronunciou a seguinte fórmula de beatificação:
“Nós acolhendo o desejo dos nossos irmãos Jaime Muñoz Pedroza, Bispo de Arauca, e Fabio Duque Jaramillo, O.F.M., Bispo de Garzón, bem como o de muitos outros irmãos no Episcopado e de inúmeros fiéis, depois de ter escutado o parecer da Congregação para as Causas dos Santos, declaramos com a Nossa Autoridade Apostólica que os Veneráveis Servos de Deus Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, do Instituto de Missões Estrangeiras de Yarumal, Bispo de Arauca, e Pedro Maria Ramírez Ramos, sacerdote diocesano, pároco de Armero, mártires que, como pastores segundo o coração de Cristo e coerentes testemunhos do Evangelho, derramaram o sangue por amor ao rebanho que lhes foi confiado, de agora em diante sejam chamados Beatos, e a sua festa se poderá celebrar, nos lugares e segundo o modo estabelecidos pelo direito, anualmente, no dia em 3 e 24 de outubro, respectivamente. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. C. Amém”.
Novos Beatos: A festa do Beato Dom Jaramillo será dia 3 de outubro e a do Pe. Pedro Ramírez, 24 de outubro. #ModoPapa pic.twitter.com/40LZZGiPhZ
— ACI Digital (@acidigital) 8 de setembro de 2017
Dom Jesús Jaramillo Monsalve, Missionário Xaveriano de Yarumal, foi assassinado pelo Exército de Libertação Nacional (ELN) em 1989.
Pe. Pedro Maria Ramírez Ramos foi morto a marretadas em 1948 por um grupo de assassinos que entraram na igreja em meio às revoltas que em abril daquele ano agitaram o povoado de Armero.
Reconciliarse es abrir una puerta a todas y a cada una de las personas que han vivido la dramática realidad del conflicto #ModoPapa pic.twitter.com/CTsmVSRcHU
— ACI Prensa (@aciprensa) 8 de setembro de 2017
Estes mártires são uma “expressão de um povo que quer sair do pântano da violência e do rancor”, disse o Papa na Missa que reuniu cerca de meio milhão de pessoas provenientes das vastas regiões de Los Llanos, uma zona afetada por 5 décadas de conflito armado.
Em sua chegada ao terreno Catama, o Santo Padre foi recebido por um grupo de indígenas representantes da Organização nacional indígena da Colômbia (ONIC), que entregou ao Pontífice uma mensagem junto com um sombrero e um colar próprio de seu povo.
Ao começar a Missa, os indígenas voltaram a aproximar-se do Papa e lhe entregaram um “bastão da paz”, arcos, fechas e elementos próprios de sua cultura, gesto ao qual o Pontífice agradeceu.
Após a declaração de beatificação, foram expostos os retratos dos novos beatos colombianos e alguns familiares depositaram suas relíquias e ofertas diante da imagem de Nossa Senhora do Carmo, padroeiro dos villavicenses.
As relíquias dos 2 novos beatos da Colômbia estão aos pés da imagem da Virgem. #ElPapaenColombia #ModoPapa #ElPapaCol pic.twitter.com/SpZgO4lE75
— ACI Digital (@acidigital) 8 de setembro de 2017
A Eucaristia foi celebrada no marco da jornada “Reconciliar-nos em Deus, com os colombianos e com a natureza”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Nesse sentido, o Papa afirmou em sua homilia que a reconciliação “só é possível se enchermos com a luz do Evangelho as nossas histórias de pecado, violência e conflito”.
“A reconciliação não é uma palavra abstrata; se assim fosse, traria apenas esterilidade; antes, distância. Reconciliar-se é abrir uma porta a todas e cada uma das pessoas que viveram a realidade dramática do conflito”, explicou.
#ElPapaenColombia: Los nuevos beatos de Colombia son expresión de un pueblo que quiere salir del pantano de la violencia y el rencor. pic.twitter.com/36MOHboK2R
— ACI Prensa (@aciprensa) 8 de setembro de 2017
O Pontífice assinalou que “cabe a nós dizer ‘sim’ à reconciliação; e, neste ‘sim’, incluamos também a natureza. Não é por acaso que, inclusive sobre ela, se tenham desencadeado as nossas paixões possessivas, a nossa ânsia de domínio”.
“Um vosso compatriota canta-o com primor: ‘As árvores estão a chorar, são testemunhas de tantos anos de violência. O mar aparece acastanhado, mistura de sangue com a terra’”, disse o Santo Padre em alusão à canção do artista Juanes ‘Minas piedras’ (Minhas pedras).
“É preciso que alguns tenham a coragem de dar o primeiro passo nesta direção, sem esperar que o façam os outros. Basta uma pessoa boa, para que haja esperança. E cada um de nós pode ser esta pessoa!”, incentivou o Papa Francisco.
Arzobispo de Villavicencio, Mons. Óscar Urbina, dirige palabras de agradecimiento a #ElPapaEnColombia. #ModoPapa https://t.co/6wPv0DnDMt pic.twitter.com/1ytujO3y9o
— ACI Prensa (@aciprensa) 8 de setembro de 2017
Ao final da Missa, o Arcebispo de Villavicencio, Dom Óscar Urbina Ortega, agradeceu ao Santo Padre por “ser pedagogo do encontro em uma sociedade que, pela discórdia e inimizade, vive o medo e a desconfiança”.
“Sua, visita, sua presença, sua palavra, nos anima a ser levedura de reconciliação nesta terra onde vivemos por longos anos conflitos armados e onde temos uma responsabilidade especial de ser custódios do tesouro da Amazônia e chamados a participar no cuidado da criação”, expressou Dom Urbina.
Finalmente, o Papa Francisco manifestou sua “proximidade espiritual” a todos os afetados pelo recente terremoto de 8,2 graus que assolou o México e a quem sofreu com a passagem do furacão Irma no Caribe.
“Levo-os em meu coração e rezo por eles. E peço a vocês que se unam a estas intenções e, por favor, não se esqueçam de rezar por mim”, concluiu o Santo Padre.
Confira também:
“Não tenhais medo de arriscar juntos”, pede Papa Francisco na Colômbia https://t.co/olTTy3wtwT
— ACI Digital (@acidigital) 8 de setembro de 2017