A Secretária de Estado do Vaticano desmentiu forte e energicamente um suposto “documento” divulgado na segunda-feira, 18 de setembro, por dois jornais italianos no qual a Santa Sé é acusada de ter pagado grandes quantidades de dinheiro para manter fora da Itália a jovem que desapareceu na década de 1980.

Emiliano Fitipaldi divulgou o documento no qual o Vaticano supostamente pagou cerca de 300 mil dólares, entre 1983 e 1987, para ocultar Emanuela Orlandi, uma jovem filha de um funcionário do Vaticano, desaparecida em junho de 1983.

Foto: Wikipédia domínio público

O documento também tenta envolver no envio do dinheiro dois cardeais que serviram na Santa Sé: Giovanni Battista Re e Jean Louis Tauran.

Fitipaldi, que foi julgado e absolvido pelo caso conhecido como Vatileaks 2, por ter vazado documentos confidenciais do Vaticano, também manifesta dúvidas de que o texto sem selo oficial e sem assinatura seja autêntico. Caso seja falso, comenta, o documento demonstraria “um confronto de poderes sem precedentes durante o pontificado de Francisco”.

Sobre isso, a Sala de Imprensa da Santa Sé, liderada pelo leigo norte-americano Greg Burke, publicou um comunicado no qual assinala: “Diante do iminente lançamento de um livro, dois jornais italianos”, ‘Corriere della Sera’ e ‘La Repubblica’, “publicaram nesta segunda-feira um suposto documento da Santa Sé que atestaria o pagamento de uma grande quantia de dinheiro, por parte do Vaticano, para administrar a permanência fora da Itália de Emanuela Orlandi, que desapareceu em Roma, em 22 de junho de 1983”.

“A Secretaria de Estado desmente com firmeza a autenticidade do documento e declara falsas e privas de fundamento as notícias nele contidas”, sublinha o texto.

O comunicado indica que “com essas falsas publicações, que, entre outras coisas, comprometem a honra da Santa Sé, aumentem a imensa dor da família Orlandi, à qual a Secretaria de Estado reafirma sua solidariedade”.

O caso Orlandi

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Emanuela Orlandi tinha 15 anos quando desapareceu no centro de Roma, em 22 de junho de 1983. Ela era filha de um funcionário do Vaticano.

Até agora se desconhece o paradeiro desta jovem e foram divulgados vários rumores que tentam ligar o caso com bispos, sacerdotes e inclusive com a captura de Ali Agca, o turco que tentou assassinar o Papa João Paulo II em 1981.

As versões jornalísticas atribuíram o desaparecimento à “Frente de Libertação Turca”, que exigia a libertação de Agca, que em várias ocasiões garantiu que a jovem estava viva e continuava na Europa.

Em 2005, Sabrina Minardi, identificada como ex-amante do chefe da máfia Enrico De Pedis, assassinado em um acerto de contas em 1990, assinalou o mafioso como responsável pelo sequestro de Orlandi e insinuou que em seu túmulo encontrariam evidências do desaparecimento da jovem.

Em 2009, Minardi disse à Procuradoria de Roma que ela foi encarregada de introduzir a jovem em seu automóvel e levá-la até o lugar onde seu amante havia indicado, mas assegurou desconhecer o paradeiro final de Orlandi.

Em 14 de maio de 2012, as autoridades abriram o túmulo de Pedis na basílica de Santo Apolinário – onde seus familiares conseguiram enterrá-lo – e só encontraram os restos de um homem.

Em mais de uma ocasião o Vaticano expressou a sua disposição a fim de ajudar e já colaborou com a justiça, e também manifestou as suas mais profundas condolências à família da jovem desaparecida.

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