Vários bispos espanhóis manifestaram a sua opinião depois do acidentado fim de semana no qual a Catalunha realizou um referendo independista, apesar de ser declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional, o que provocou a repressão da Guarda Civil em diferentes lugares de votação, deixando mais de 700 pessoas feridas.

O referendo foi realizado apesar da suspensão sentenciada pelo Tribunal Constitucional, de modo que, em cumprimento da sentença judicial, a Polícia Nacional e a Guarda Civil fecharam vários centros de votação ante a ausência da polícia regional.

O Bispo de Solsona, Dom Xavier Novell, condenou em um comunicado publicado no site da sua diocese a ação policial do domingo, 1º de outubro, em Barcelona e outros lugares da Catalunha a fim de impedir o referendo.

Dom Novell condenou “todos os atos violentos que aconteceram, especialmente aqueles cometidos pelos ‘servidores públicos’”. Também se referiu à polícia espanhola como uma “guerrilha policial” e assinalou que admira “a coragem e a resistência pacífica das pessoas que queriam defender o exercício legítimo do direito do nosso povo à autodeterminação”, referindo-se aos cidadãos que ocuparam ilegalmente os colégios a fim de estabelecer neles centros de votação.

Por sua parte, o Arcebispo de Tarragona, Dom Jaume Pujol, também criticou a ação da polícia espanhola por meio de uma mensagem publicada em seu perfil do Twitter: “A situação de violência que a Catalunha vive atualmente é lamentável. É necessário deter a violência e os confrontos”. Em uma mensagem posterior, Dom Pujol pediu “uma solução pacífica e democrática”.

O Arcebispo de Barcelona, ??Cardeal Juan José Omella, também divulgou a mesma mensagem que do Arcebispo de Tarragona, pedindo uma solução pacífica e deplorando as ações da polícia: “A situação de violência que se vive hoje na CAT é deplorável. Devemos encontrar uma solução pacífica e democrática”.

Por outro lado, os gestores da Basílica da Sagrada Família afirmaram, em declarações recolhidas pelo jornal digital eldiario.es, que apoiaram a greve convocada pelos sindicatos e partidos independentistas para esta terça-feira, 3 de outubro, para protestar contra a ação da polícia.

Do mesmo modo, cerca de 400 párocos da Catalunha, dias antes da votação, divulgaram uma carta na qual assinalaram: “Baseados nos princípios da Igreja, o Estado está violando os direitos humanos fundamentais. A origem de tudo não é a ‘sagrada’ Constituição espanhola, também existe uma Doutrina Social da Igreja que antepõe a qualquer lei da dignidade das pessoas, tanto a nível individual como coletivo”.

Por outro lado, vários bispos espanhóis incentivaram a unidade do país.

O Bispo de Oviedo, Dom Jesús Sanz Montes, declarou em uma entrevista ao jornal La Nueva España que a Constituição não pode ser quebrada “de modo unilateral, criar discórdia com a insídia que enfrenta e divide, falsificando com mentiras todas as suas alternativas trucadas, enganando com maldade um povo para torná-lo cúmplice de uma inconfessável deriva, tudo isso não só atenta contra o Estado de direito, não só mina a convivência em diversos níveis, desde o mais elementar e doméstico, como famílias, como também é profundamente imoral”.

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O Prelado denunciou a utilização da educação pelos políticos nacionalistas da Catalunha para seus objetivos políticos.

“Isso está acontecendo agora – assegurou – e começou a trabalhar há alguns anos através de uma educação que tinha esse objetivo: usar a inocência e a vulnerabilidade, a maleabilidade, de crianças e jovens para que agora pudessem enfrentar essa batalha”.

Do mesmo modo, assinalou que a independência “não é pecado, é uma opção política. Mas se isso é realizado por meio de mentiras, com violência, insídias, corrupção e desfalque, isso é imoral, isto sim é pecado”.

O Bispo de Córdoba, Dom Demetrio Fernández, advertiu que “o país está em perigo” e garantiu que a situação de crise territorial que a Espanha sofre é consequência da “deterioração da vida moral e de querer tirar Deus do centro. As consequências são estas e outras que não são visíveis, mas em longo prazo, sofrem e padecem”.

O Arcebispo de Valência, Cardeal Antonio Cañizares, disse que a unidade da Espanha “é um bem comum inalienável” e convocou os fiéis da diocese de Valência a um dia de oração “para superar todo o ódio, pela consolidação de uma verdadeira convivência em paz dos espanhóis, o fortalecimento a fim de nos mantermos no seguimento por todos, dos caminhos que conduzem à paz social e ao bem comum baseado na justiça, na sensatez e no respeito a uma ordem constitucional”.

Precisamente em um comunicado emitido pela Conferência Episcopal Espanhola (CEE) em 27 de setembro, os bispos incentivaram o diálogo a fim de superar a situação difícil que se vive na Catalunha e pediram evitar “decisões e ações irreversíveis e de consequências graves”.

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