MURCIA, 21 de jun de 2005 às 13:45
O Secretário Geral da Conferência Episcopal Boliviana e Bispo de El Alto, Dom Jesus Juárez, expressou a necessidade de convocar a eleições antecipadas e elaborar uma nova Constituição “em cuja redação participem setores historicamente marginados e esquecidos”.
O Prelado, de visita em Múrcia, sua cidade natal, assinalou que se deve convocar a “uma Assembléia Constituinte que permita a re-fundação da Bolívia”. Acrescentou que a nova Carta Magna “possibilitaria uma maior participação de todos os setores sociais na eleição de prefeitos e no processo de autonomias”.
O Prelado assinalou que o tema das autonomias, que foi demandado por regiões ricas como Santa Cruz da Serra, requer “uma longa reflexão” antes de pô-las em prática. Para isso pediu pôr ênfase em uma “necessária solidariedade inter-territorial entre as regiões ricas e pobres do país”.
Dom Juárez se referiu também ao tema da nacionalização dos hidrocarbonetos que propiciou grandes protestas em El Alto e outras zonas do país e que terminaram em um bloqueio da capital, La Paz.
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“Quando falamos de sua nacionalização nos referimos à recuperação de sua propriedade em boca de poço, pois segundo a Constituição, esta pertence ao povo boliviano”, indicou. Por isso chamou as empresas multinacionais que operam na Bolívia “a compartilhar com este povo a riqueza existente, sem enriquecer-se a costa sua”.
Dom Juárez, que recebeu do presidente de Murcia, Ramón Luis Valcárcel, a medalha de ouro da Região 2005, assinalou que a agenda política se está cumprindo na Bolívia, mas não a social. Recordou que foram as demandas sociais não atendidas as que desencadearam as grandes protestas que obrigaram a renunciar ao Presidente Carlos Mesa e a seu antecessor Gonzalo Sánchez de Lozada.
Do mesmo modo, pediu ao novo Presidente, Eduardo Rodríguez, “convocar a eleições quanto antes para que o povo boliviano recupere a confiança”. Acrescentou que este novo processo eleitoral deve apontar também à renovação de senadores e deputados, a quem criticou por tomar umas “pequenas férias” quando a situação do país não o permite.