Roma, 18 de out de 2017 às 13:30
Há muitos dias na vida de São João Paulo II que poderiam ser considerados como uma opção óbvia: o fim da Segunda Guerra Mundial, a sua ordenação sacerdotal ou quando foi nomeado Bispo, Cardeal ou Papa.
Entretanto, segundo explicou o próprio São João Paulo II, o dia mais feliz da sua vida foi quando ele canonizou uma religiosa da Polônia, sua terra natal: Santa Faustina Kowalska.
São João Paulo II (naquela época Karol Wojtyla) tinha aproximadamente 18 anos quando a religiosa morreu (em 5 de outubro de 1938). Entretanto, não conheceu a vida da Irmã Faustina nem a mensagem da Divina Misericórdia até entrar em um seminário clandestino durante a Segunda Guerra Mundial; e quando as conheceu, isso teve um impacto profundo em sua vida.
Devido a uma tradução errada ao italiano do Diário da Divina Misericórdia e outras questões que não foram resolvidas, o Vaticano proibiu a divulgação da devoção na década de 1950. Mas começou a ser divulgada seis meses antes de o Cardeal Karol Wojtyla ser eleito sucessor de Pedro.
Depois de ser eleito Papa, João Paulo II dedicou a sua segunda encíclica Dives in Misericordia (Rico em Misericórdia) à Divina Misericórdia.
No livro Testemunho de Esperança: A biografia do Papa João Paulo II, o autor norte-americano George Weigel escreveu que João Paulo II falou pessoalmente sobre o impacto da Irmã Faustina em sua vida e em seu ministério:
“Quando era Arcebispo da Cracóvia, Wojtyla defendeu a Irmã Faustina quando sua ortodoxia foi questionada depois da sua morte em Roma, devido em grande parte à tradução errada do seu diário ao italiano, e promoveu a causa da sua beatificação. João Paulo II, o qual disse que se sentia espiritualmente ‘muito próximo’ à Irmã Faustina, estava ‘pensando nela durante muito tempo’ quando começou a escrever Dives in Misericordia”.
Em muitas ocasiões durante o seu pontificado, João Paulo II escreveu ou falou sobre a importância de pedir a Deus a sua Divina Misericórdia para o mundo inteiro. Em 19 de abril de 1993, o Pontífice beatificou a Irmã Faustina e, em sua homilia, elogiou o modo através do qual levou as pessoas ao coração misericordioso de Cristo.
“Realmente é maravilhoso ver como a sua devoção a Jesus misericordioso está se espalhando pelo mundo contemporâneo e está ganhando tantos corações humanos! Sem dúvida, é um sinal dos tempos – um sinal do século XX. O balanço deste século, que agora está terminando, acrescentando os avanços que muitas vezes superaram os anteriores, apresenta uma profunda inquietude e medo do futuro. Onde o mundo poderá encontrar refúgio e uma luz de esperança se não fosse a Divina Misericórdia? Os crentes entendem isso perfeitamente”, expressou.
Em 30 de abril de 2000, João Paulo II canonizou a Santa Faustina no que disse ter sido – como foi conhecido mundialmente – “o dia mais feliz da minha vida”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
“É grande a minha alegria, ao propor hoje à Igreja inteira, como dom de Deus para o nosso tempo, a vida e o testemunho da Irmã Faustina Kowalska. Pela divina Providência a vida desta humilde filha da Polônia esteve completamente ligada à história do século XX, que há pouco deixamos atrás. De fato, foi entre a primeira e a segunda guerra mundial que Cristo lhe confiou a sua mensagem de misericórdia”, expressou durante a homilia.
O Papa acrescentou que “aqueles que recordam, que foram testemunhas e participantes nos eventos daqueles anos e nos horríveis sofrimentos que daí derivaram para milhões de homens, bem sabem que a mensagem da misericórdia é necessária”.
No domingo depois da Páscoa, São João Paulo II instituiu a festa da Divina Misericórdia, que Jesus pediu nas suas mensagens à Irmã Faustina.
Nesse dia, são concedidas graças especiais – semelhantes a uma indulgência – às almas que se confessam e recebem a comunhão. Jesus prometeu que as almas que realizassem esses requisitos nesse mesmo dia seriam devolvidas ao seu estado batismal puro, entre outras graças.
Santa Faustina, batizada como Helena Kowalska, nasceu na Polônia em 1905, em uma família pobre, mas devota. Aos 20 anos – depois de ter sido rechaçada de vários conventos porque era pobre e não teve uma boa educação –, Helena entrou para a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, onde recebeu o nome de Irmã Faustina e viveu nos conventos da Polônia e da Lituânia.
Jesus apareceu à religiosa e lhe pediu que se convertesse em seu apóstolo e secretária da sua misericórdia. Ela escreveu as mensagens da Divina Misericórdia para o mundo em seu diário. Jesus também pediu para pintar uma imagem de sua Divina Misericórdia, com raios vermelhos e brancos que brotam do seu coração, e que divulgasse a novena dessa devoção.
Antes da morte da Irmã Faustina, em 5 de outubro de 1938, a devoção à Divina Misericórdia já tinha se espalhado pela Polônia.
Confira também:
Santuário de Fátima acolhe relíquia de São João Paulo II https://t.co/uVwAenGrwB
— ACI Digital (@acidigital) 3 de outubro de 2017