SANTIAGO, 31 de out de 2017 às 13:00
“A ajuda precisa chegar hoje ou o Iraque ficará sem cristãos”, disse Pe. Luis Montes, sacerdote missionário do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), que explicou como e por que os cristãos deslocados pela guerra voltam para as suas cidades, destruídas pelo Estado Islâmico (ISIS).
Pe. Luis Montes é argentino e serve há mais de 20 anos no Oriente Médio e na Terra Santa. Atualmente, cada dia que passa confirma a sua missão no Iraque, servindo em um abrigo com 120 mil refugiados, localizado em Erbil.
Também visitou os cristãos que decidem voltar para as cidades libertadas pelo ISIS, onde restaram apenas as bases das suas casas marcadas com a letra “nun”, que é o “N” do alfabeto árabe e com o qual identificam os “nazarenos”, seguidores de Cristo.
Em um diálogo com o Grupo ACI, Pe. Montes explicou que essas pessoas decidem voltar às cidades porque têm “a graça de Deus que lhes permite resistir ao martírio”.
“Deus dá coragem aos mais fracos. É algo exclusivamente de Deus, não é humano. Ante a perseguição, Deus lhes dá a graça. Ele nunca nos dá uma missão para a qual não nos dá a força. Deus lhes dá a graça para suportar as piores dores e torturas e poder segui-lo”, manifestou.
“Há coisas que ajudam, por exemplo, a sua bela devoção à Santíssima Virgem Maria. Ela é a rainha dos mártires, ensina-lhes a serem mártires”.
Em relação à falta de recursos, o sacerdote missionário explicou que, como “tiraram tudo dos refugiados”, eles “simplificam a vida”.
“A vida é simples. Eles amam Deus porque ele é doador de bens. Eles amam a Santíssima Virgem porque ela é a Mãe que Deus nos deu”.
“Essa é a sabedoria da Cruz. Eles conhecem as suas cruzes e a pessoa que se une à Cruz tem esta sabedoria e a aproveita, e Deus lhe concede a paz, que é o mais parecido com a felicidade que há na terra”, acrescentou.
Por isso, continuou o sacerdote, “quando os visito, vejo pessoas que sofrem, mas tranquilas. Apesar de tudo o que sofreram, nunca renegam a Deus. As pessoas agradecem a Deus todos os dias. Contam as suas tristezas, choram e acabam dizendo ‘Alá karim’, que significa ‘Deus é generoso’”, sublinhou.
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“Essas pessoas sofreram tanto, mas são pessoas provadas na dor. Mantêm uma fé tão firme, que a coisa é mais simples do que se pode ver de fora. Eles estão preparados na sua fé, então para eles, reconstruir a vida, é a coisa mais fácil”.
“Voltar a sua vida normal lhes dá muita alegria e consolo, saber que podem voltar para suas cidades, suas vidas passadas. Eles viveram como refugiados, isso agora é um paraíso!”, disse o Pe. Montes.
Enquanto os serviços básicos voltam a funcionar aos poucos nas cidades destruídas pelo ISIS, as famílias que chegam estão alojadas nos alicerces de suas casas, queimadas ou destruídas pelos extremistas islâmicos.
Neste processo, o sacerdote considerou fundamental a colaboração que os cristãos do ocidente podem dar aos refugiados, através de obras como a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), instituição que convidou o sacerdote ao Chile para divulgar o seu testemunho.
Desde 2014, a ACN fornece comida e abrigo para famílias cristãs deslocadas.
“Com a ajuda das pessoas de fora, os cristãos têm o incentivo para começar e voltar à sua vida normal. Mas, a ajuda precisa chegar hoje ou o Iraque ficará sem cristãos”.
“A Igreja no Iraque está passando por um momento crucial e ajudá-los é um dever de todos. Imaginem a vergonha para as gerações futuras se dissessem que o cristianismo teve que abandonar o Oriente Médio porque não foi ajudado”, concluiu o Pe. Montes.
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— ACI Digital (@acidigital) 26 de outubro de 2017