JERUSALÉM, 1 de nov de 2017 às 15:00
Em algumas declarações inusitadas, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salam, de 32 anos, afirmou que chegou o momento de promover um Islã moderado em seu país para que se afaste do extremismo e abra a porta às demais religiões.
Em suas declarações, o príncipe saudita assinalou que “70% dos sauditas são menores de 30 anos e não vamos passar mais 30 anos vivendo sob ideias extremistas. Vamos destruí-las o mais rápido possível”.
Frente a esse islã intolerante, Mohammed bin Salam defendeu um Islamismo “que signifique tolerância e bondade. Queremos viver uma vida normal”.
As declarações deste príncipe causaram grande espanto no país. Fontes consultadas pelo Grupo ACI, que por razões de segurança permanecem anônimas, avaliaram positivamente essas declarações, mas duvidam que impliquem uma mudança imediata.
“Não acredita que haverá mudanças em curto prazo em relação ao reconhecimento de outras religiões, porque isso significaria dar um passo muito ousado. É necessário levar em consideração que, para os líderes religiosos sauditas, a Arábia Saudita em sua totalidade é uma mesquita, e não podem construir igrejas dentro de uma mesquita. Eu me pergunto como o príncipe pensa em superar este ponto essencial”, indicaram.
Essas mesmas fontes asseguram que o príncipe assumiu um grande risco ao fazer essas declarações, porque podem ser consideradas blasfemas pelas autoridades religiosas do país, especialmente porque foram ditas pelo príncipe herdeiro.
“Se a sua vontade for sincera e ele realmente quiser abrir o país a outras religiões, deve ter uma segurança muito grande no que diz, caso contrário, corre o risco de que o matem”.
A Arábia Saudita é um reino governado por um regime absolutista e teocrático onde a família real e os imãs salafistas governam com grande rigidez.
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A religião oficial desde a fundação do reino é o sunismo, salafismo, ou wahhabismo, o mais rigoroso do mundo islâmico e em cuja doutrina se inspiraram grupos jihadistas como Al Qaeda e o próprio Estado islâmico (ISIS).
A sua origem é recente e não começou a difundir-se pelo mundo muçulmano até o século XX, razão pela qual muitos muçulmanos consideram o salafismo uma doutrina hereditária contrária às tradições islâmicas.
Devido à sua doutrina oficial salafista, a Arábia Saudita é regida pela Sharia, ou a lei islâmica, em sua interpretação mais extrema. Isso significa, entre outras coisas, que as mulheres são totalmente discriminadas e sujeitas à vontade de seus maridos.
Não é permitida nenhuma religião que não seja o islamismo sunita, e os não muçulmanos estão proibidos de acessar as cidades de Meca e Medina, as mais santas do islã.
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— ACI Digital (@acidigital) 31 de outubro de 2017