Roma, 7 de nov de 2017 às 12:05
Desde o dia 25 de agosto deste ano, o grupo guerrilheiro Exército de Salvação Rohingya de Arakán (ESRA) realizou um ataque terrorista contra postos militares e policiais em Mianmar (Birmânia); mais de 600 mil muçulmanos de etnia “rohingya” abandonaram os seus lares para refugiar-se no país vizinho de Bangladesh, a fim de fugir da repressão provocada pelas autoridades birmanes em resposta ao ataque.
Para compreender melhor esta situação e a realidade dessa população asiática, primeiramente é necessário responder a pergunta: quem são exatamente os rohingya?
Os rohingya são um grupo heterogêneo de pessoas que compartilham uma religião majoritária, a muçulmana, e uma mesma língua, o rohingya, consequência da fusão de diferentes idiomas como o árabe, o urdu ou o birmanês, escrito principalmente com caracteres árabes.
A presença destes habitantes em Mianmar foi registrada desde o século VIII. Eles são principalmente descendentes de comerciantes árabes, mas também de turcomanos, persas e de outras cidades islâmicas da costa do sul e do interior asiático.
Apesar do seu caráter de minoria étnica, cultural e religiosa em um país majoritariamente budista de língua birmana, os rohingya não se identificam como um grupo unificado.
A denominação rohingya vem da comunidade internacional que confirma a afinidade da linguagem entre os diferentes povos que a compõem, com um objetivo político. Não é um termo que pode ser usado para representá-los como um único povo.
Tradicionalmente, estabeleceram-se no estado birmanês de Rakhine. A maioria deles são muçulmanos sunitas, embora devido ao seu isolamento, à sua pluralidade e ao contexto em que se desenvolveram, possuam uma série de elementos religiosos específicos, o que provocou o rechaço de outras comunidades islâmicas que consideram que não praticam um islã ortodoxo.
Cerca de 74,69% dos mais de 50 milhões de birmaneses são budistas. Os muçulmanos rohingya são 3,77% da população. As autoridades birmanesas rechaçam a sua identidade birmanesa e as tratam como estrangeiras.
Em 1982, foram privados da sua cidadania e passaram a ser imigrantes apátridas e imigrantes ilegais. Desde então, foram vítimas de vários tipos de abusos e discriminações.
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A violência que sofreram há alguns meses do exército e da polícia de Mianmar os obrigou a buscar refúgio no país vizinho de Bangladesh, onde 89% da população também é muçulmana.
O influxo em massa de refugiados provocou o colapso do principal lugar na fronteira de Bangladesh, a cidade de Cox's Bazar.
Os campos de refugiados, a maioria improvisada ??e sem a infraestrutura necessária para abrigar tantas pessoas, estão sobrecarregados.
Bangladesh é um país pequeno com uma alta densidade demográfica: acolhe aproximadamente 156 milhões de habitantes em um território de apenas 143,998 quilômetros quadrados.
No final do mês, de 27 de novembro a 2 de dezembro, o Papa Francisco realizará uma viagem apostólica a Mianmar e a Bangladesh.
Em várias ocasiões, o Pontífice falou contra a perseguição sofrida pelas comunidades rohingya e exigiu o respeito aos seus direitos.
Confira também:
Papa pede respeitar direitos da minoria rohingya perseguida em Mianmar https://t.co/H4JzEymLRL
— ACI Digital (@acidigital) 28 de agosto de 2017