LISBOA, 20 de nov de 2017 às 09:00
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Dom Manuel Clemente, defendeu o celibato e rejeitou a possibilidade de que este seja abandonado ou abrandado, após a repercussão da notícia de um sacerdote que assumiu a paternidade de uma criança.
“Tem de se verificar com o sacerdote em causa qual é a situação, qual é a disposição, com certeza também com as responsabilidades que tem de assumir em relação à criança que nasceu”, declarou durante coletiva de imprensa após a conclusão da Assembleia Plenária dos bispos portugueses, na quinta-feira, 16 de novembro.
No início de novembro, Padre Giselo Andrade, pároco do Monte, na Diocese do Funchal, assumiu a paternidade de uma menina nascida em agosto.
Questionado sobre este caso, Dom Clemente assinalou que casos como este devem ser tratados diretamente com o “respectivo bispo” e reforçou a posição tomada pela Diocese do Funchal, a qual admitiu que o sacerdote possa vir a continuar o seu ministério, “na fidelidade ao celibato, sem vida dupla”.
Logo após o presbítero ter assumido ser pai de uma criança, a Diocese do Funchal divulgou uma nota por meio da qual declarou que “trata-se de um contratestemunho daquela que deve ser a vida de qualquer sacerdote”.
“A Igreja é um espaço de misericórdia e Deus perdoa tudo, mas não pode admitir uma vida dupla”, acrescentou.
Além disso, a Diocese afirmou que acompanha “a situação, no respeito pela delicadeza do caso, da dignidade das pessoas e das consequências que as mesas têm na própria paróquia e nas restantes comunidades cristãs”.
Informou ainda que “caberá ao próprio sacerdote, discernir em diálogo com o bispo, se pretende continuar a exercer o ministério sacerdotal segundo as exigências e normas da Igreja, ou, se pretende abraçar outra vocação”.
Conforme indica a agência Ecclesia, do episcopado português, Dom Manuel Clemente pontuou, por sua vez, que situações semelhantes acontecem “fora da conjugalidade”, no matrimônio.
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De acordo com ele, também nesses casos de “infidelidade”, as “responsabilidades têm de ser assumidas”, mas a continuação da vida sacerdotal ou conjugal prossegue quando há “vontade de arrepiar caminho e fazer as coisas com mais consciência e responsabilidade”.
“A criança sabe e saberá quem é seu pai”, assinalou Dom Clemente, pedindo respeito por todas as pessoas envolvidas, particularmente “no interesse das próprias crianças”, também do “ponto de vista midiático”.
Quanto ao a uma proposta relativa a um celibato facultativo, o presidente da CEP pontuou que isso pode levantar o problema de certa “diluição do perfil sacerdotal”.
“O padre é um sinal vivo do que era a vida de Cristo, que escolheu não formar família para ser familiar de todos”, declarou.
Nesse sentido, rejeitou a possibilidade de se abandonar ou abrandar a “apologia do celibato”, assumido “como ideal e como prática”.
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— ACI Digital (@acidigital) 9 de março de 2017