Vaticano, 24 de nov de 2017 às 11:05
O Papa Francisco presidiu uma Celebração de Oração pela Paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, pediu pela paz neste país e denunciou a situação que vivem estes povos africanos.
Durante a liturgia celebrada na Basílica de São Pedro, o Pontífice realizou uma série de orações também pelos governantes dos países e para os conflitos atuais em todo o mundo.
Depois de invocar a intercessão do Espírito Santo, o Pontífice começou a rezar pela paz com 5 pedidos concretos.
1. Superar a indiferença
Na primeira, pediu rezar “pela nossa conversão, para superar a indiferença e as divisões”.
Francisco recordou que “em Jesus somos todos irmãos e irmãs”. “Também somos irmãos de todos aqueles que sofrem as consequências da guerra no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo”.
“Somos chamados a consolar-nos com o Espírito para converter-nos em pessoas de esperança”.
2. Pelas mulheres em zona de guerra
No segundo pedido, Francisco rezou “pelas mulheres vítimas da violência nas zonas de guerra”. Assinalou que “no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo as mulheres têm um papel essencial no bem-estar e na sobrevivência da família”.
“Normalmente são abandonadas na busca de alimentos, abrigo, segurança, no acesso à educação para crianças e no cuidado aos idosos. Infelizmente, muitas mulheres sofrem abusos, são traficadas e usadas ??como armas de guerra”, lamentou.
“Apesar disso, continuam trabalhando com generosa fidelidade, cuidando das necessidades das suas famílias, seguindo o exemplo da Virgem Maria”.
3. Pelas pessoas que causam as guerras
O Bispo de Roma também rezou “por todos aqueles que provocam as guerras e pelos que têm alguma responsabilidade na comunidade a nível internacional e local”.
O Santo Padre explicou que, “durante sua vida terrena, Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus. Entretanto, o mal, em suas diferentes formas, combate a presença do Senhor na nossa história”.
“As guerras – continuou – são obstáculos evidentes para o crescimento do Reino de Deus no meio de nós. A Igreja, também nos países em guerra, é chamada a ser um testemunho fiel e audaz do Reino de Deus”.
4. Pelas vítimas inocentes
No quarto pedido, Francisco pediu “por todas as vítimas inocentes das guerras e da violência”.
“O povo do Sudão do Sul e da República Democrática do Congo – afirmou – é o corpo de Cristo que sofre. Com fé, esperança e amor, a paz será possível! Que toda vida humana, imagem de Deus, seja sempre venerada e protegida”.
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5. Pelos que buscam a paz
Finalmente, no seu quinto pedido, o Papa Francisco rezou “por todos aqueles que se dedicam generosamente a buscar a paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo”.
Sublinhou que “nesses países, as pessoas que acreditam demonstram uma grande fé no Senhor da vida. Podemos ver na resistência de mulheres, homens e organizações que, apesar das atrocidades que estão acontecendo, continuam trabalhando pela paz, pela dignidade humana e pelo desenvolvimento”.
“Recordemos as pessoas que foram deslocadas e que estão no exílio; aqueles que fugiram das suas casas em condições desesperadas e todos aqueles que, de várias maneiras, trabalham a seu favor”.
“Nesta tarde, com a oração, queremos lançar sementes de paz na terra do Sudão do Sul e da República Democrática do Congo, e em todas as terras feridas pela guerra”, disse no início da sua homilia.
“Eu já tinha decidido visitar o Sudão do Sul, mas não foi possível. Sabemos, porém, que a oração é mais importante, porque é mais forte: a oração atua com a força de Deus, para Quem nada é impossível”.
“Na cruz, carregou sobre Si todo o mal do mundo, incluindo os pecados que geram e fomentam as guerras: o orgulho, a avareza, a ganância do poder, a mentira… Jesus venceu tudo isto com a sua ressurreição”.
Também pediu pelas crianças “que sofrem por causa de conflitos, a que são alheias, mas que roubam a sua infância e, às vezes, a própria vida. Que grande hipocrisia é negar os massacres de mulheres e crianças!”.
“Sustente todas as pessoas que se esforçam, dia após dia, por combater o mal com o bem, mediante gestos e palavras de fraternidade, respeito, encontro, solidariedade”, disse.
Este dia de oração pela paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo é mais um elemento do trabalho que o Papa está realizando para a resolução dos conflitos que vivem as duas nações africanas.
Situação atual
A guerra no Sudão do Sul começou em dezembro de 2013 como consequência da ruptura do frágil equilíbrio entre os grupos étnicos dinka e nuer para governar o país após a sua independência do Sudão em julho de 2011.
O presidente Salva Kiir, de étnia dinka, acusou o seu vice-presidente, Riek Machar, de uma tentativa de golpe de Estado. Desde então, a violência se espalhou por todo o país com a participação de vários grupos armados. O Santo Padre havia planejado uma viagem ao Sudão do Sul em 2017, porém, teve que cancelá-la provisoriamente por razões de segurança.
Por outro lado, a República Democrática do Congo está em um conflito civil, depois que, no final de 2016, o presidente Joseph Kabilia se recusou a abandonar o poder, apesar de ter terminado o seu mandato.
O Pontífice pediu, em várias ocasiões, o fim de ações violentas e a busca de uma solução dialogada para o conflito. Além disso, denunciou o sequestro de crianças para ser usadas como soldados em situações de escravidão.
Confira também:
A paz no Sudão do Sul, uma prioridade para o Papa Francisco https://t.co/CY3dZ472e8
— ACI Digital (@acidigital) 22 de junho de 2017