MADRI, 6 de dez de 2017 às 15:34
O Pe. Jacques Mourad foi sequestrado durante cinco meses, para ser libertado apenas teria que negar o cristianismo e o deixariam livre. Entretanto, nos dias de cativeiro, ele preferiu permanecer fiel a Jesus Cristo, apesar de haver sido ameaçado diariamente de ser degolado.
Em conversação com o Grupo ACI, o Pe. Mourad assegurou que a oração o sustentou durante esse tempo, especialmente o Rosário, onde sentiu a proximidade da Virgem Maria nesses momentos de solidão e terror.
Em 21 de março de 2015, alguns homens encapuzados entraram no mosteiro de Mar Elian (Síria) e sequestraram o Pe. Mourad junto com um membro da sua congregação, os levaram dentro do porta-malas de um carro com os olhos vendados e amarrados com correntes nos pés e nas mãos e os transladaram a um lugar desconhecido. Eles permaneceram assim durante quatro dias.
“Desde o primeiro momento, quando eu estava no porta-malas e não sabia o que ia acontecer, rezei à Virgem Maria como uma criança que precisa do cuidado da sua mãe, rezei o terço e senti de maneira especial a sua presença e o seu cuidado. Então tive muita paz, compreendi que Maria estava presente ao meu lado”, explicou o Pe. Mourad ao Grupo ACI durante a sua visita à Espanha, convidado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
Depois de quatro dias no porta-malas do carro, foram retirados e trancados em um banheiro e os humilharam. Permaneceram neste local durante grande parte do sequestro.
Em várias ocasiões, um homem encapuzado o ameaçou com uma faca no pescoço.
“O período que estive no cativeiro foi terrível, as torturas psicológicas eram ainda piores do que as físicas, mas esses meses me ajudaram a percorrer um caminho espiritual, de oração e meditação sobre a violência, o sofrimento. A oração foi a única coisa que me manteve vivo, durante esses meses compreendi um pouco, apenas um pouco, do que Jesus Cristo viveu”, assegurou.
A oração pessoal, especialmente o Rosário, ajudou este sacerdote, que assegura que durante o seu cativeiro compreendeu que o sentido da vida é “permanecer rezando a sós com Deus”.
"A oração foi decisiva durante esse tempo em duas dimensões. A minha oração pessoal na qual rezava pela minha comunidade, pela minha família, por toda a Igreja, pela paz, pela Síria. Mas também senti com muita força a oração do mundo inteiro por mim. A oração me salvou, do contrário estaria morto, porque todos os dias achava que seria o meu último dia de vida. Aproveitei esse tempo como um caminho de purificação, como um retiro espiritual”, contou ao Grupo ACI.
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Ele foi transladado várias vezes de lugar até ser levado finalmente à cidade de Qaryatayn, na Síria. “Permaneci nessa cidade durante 39 dias, mas no 40º dia decidi fugir com a ajuda de um jovem muçulmano”, explicou.
Em 10 de outubro de 2015, atravessou o deserto com uma motocicleta, fugindo dos seus sequestradores “com a companhia e a proteção da Virgem Maria. Assim consegui a minha liberdade”, recordou.
Apesar de ser ameaçado constantemente durante 5 meses e da dor e do sofrimento que o Estado Islâmico causou no Oriente Médio, o Pe. Mourad assegura que não guarda nenhum tipo de rancor dos seus sequestradores, porque “para os cristãos, o perdão faz parte da nossa fé. O perdão é um dom de Deus, não é nenhum mérito nosso”.
Por isso, insiste que para acabar com as guerras e a violência é necessário olhar para o inimigo “sem desejo de vingança”, mas “descobrindo o homem que está por trás” e “ter a coragem de dialogar com ele”.
Segundo explica, “Deus criou o homem com um bom coração. Mas é necessário procurar esse bom coração no outro e não julga-lo, esse é o único modo de construir uma sociedade em paz”.
Confira também:
Seu pai rezou o terço todos os dias para que o Estado Islâmico a libertasse https://t.co/E9zzMbo9d2
— ACI Digital (@acidigital) 20 de junho de 2017