Vaticano, 20 de dez de 2017 às 12:00
O Papa Francisco reconheceu que procura não se olhar no espelho como forma de lutar contra atitudes narcisistas e de autorreferencialidade.
Perguntado sobre qual imagem tem de si mesmo pelos alunos da Universidade jesuíta de Tóquio, a “Sophia University”, através de uma videoconferência, o Santo Padre assinalou que “devemos permanecer atentos quando nos avaliamos”.
“Com o problema da imagem, sempre há uma confusão: pensemos no espelho. Quando penteamos o cabelo e nos olhamos no espelho, vemos uma imagem. Mas quando o espelho entra na tua vida, provoca uma atitude quase totalmente narcisista e de autorreferencialidade”, advertiu.
Para Francisco, “o espelho sempre engana. A imagem que tenho de mim mesmo... Tento não me olhar no espelho. Procuro olhar para dentro de mim, no que senti durante o dia e nesse momento julgar-me”.
Mais especificamente, explicou que, “em uma imagem geral, acho que sou um pecador que Deus amou muito e que continua amando, mas eu contemplo todos os dias a minha imagem plástica concreta, examinando o meu comportamento, as decisões que tomo e os erros que cometo. Uma imagem que muda, assim como a vida muda”.
Em seguida, perguntou sobre o meio ambiente, o Santo Padre assinalou que “hoje a humanidade precisa enfrentar uma escolha imprescindível: leva a sério a proteção do meio ambiente ou chegaremos ao limite da destruição da humanidade”.
“Há um mês, os Chefes de Estado da Oceania e da Polinésia me visitam e me contaram o drama de algumas ilhas pequenas que, em 20 anos, desapareceram devido ao aquecimento global”, lamentou.
Além disso, “há dois meses fiquei impressionado com a imagem de um grande navio da China que navegava no Polo Norte. O que significa isto? Que tinham quebrado o gelo, ou que o gelo derrete devido ao aquecimento global”.
Diante dessa situação, “devemos ser responsáveis ??e cuidar do nosso planeta. Com frequência realizam muitas atividades que destroem a Terra. Pensemos na Amazônia, do desmatamento, porque a Amazônia é o oxigênio da humanidade”.
Além disso, referiu-se à poluição dos oceanos. “Hoje, os mares triplicaram o nível de tolerância máxima de plásticos”.
O Pontífice criticou as atividades que “só buscam o interesse econômico. Não podemos pensar somente no dinheiro. O dinheiro foi colocado no centro dos interesses, e pelo dinheiro se sacrifica tudo”, criticou. Colocar o dinheiro no centro de tudo “provoca as guerras”.
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Por isso, exortou a olhar para a encíclica Laudato Si, que “não é apenas uma encíclica ecológica, mas uma encíclica social, porque podemos ver como o desequilíbrio ecológico também causa uma desigualdade social”.
Os alunos também perguntaram ao Pontífice sobre os refugiados. “O problema dos refugiados é tão grande quanto à história: o ser humano é um migrante. O problema migratório na Europa é a maior tragédia desde a Segunda Guerra Mundial”.
“Um migrante não pode ser enviado de volta – afirmou o Papa –, é um ser humano que foge da guerra ou da fome. O migrante deve ser integrado, colocá-lo em um gueto não é integrá-lo. É necessário receber a pessoa, ajudá-la e colocá-la na sociedade”.
Por outro lado, “é óbvio que cada país deve avaliar quantos migrantes pode acolher. Neste sentido, admiro a Suécia, e também devo homenagear países como a Itália e a Grécia, que ajudam todas as pessoas que chegam”.
O Papa insistiu na necessidade da integração. “Pela falta de integração, ocorrem problemas contra a paz. São grupos terroristas, minorias. Para a integração, é necessário crescer como ser humano. O migrante deve respeitar a sociedade que o acolhe. A migração é um diálogo”.
Na última pergunta dos alunos japoneses, o Santo Padre explicou a sua visão do Japão: “Os japoneses são um povo com ideais, com capacidade de uma religiosidade profunda, um povo trabalhador. Um povo que sofreu muito”.
“O Japão vive um consumismo exagerado, mas pode ser combatido com a capacidade que vocês têm e com seus ideais. É um grande país, admiro muito vocês. Gostaria de fazer-lhes uma visita, mas não sei se poderei, pois tenho muito trabalho. Preocupem-se em preservar a cultura milenar que vocês herdaram”, pediu.
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— ACI Digital (@acidigital) 19 de dezembro de 2017