O Presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) e Arcebispo de Mérida, Dom Baltazar Porras Cardozo, advertiu que despenalizar parcialmente o aborto permitiria que desde o Estado “de forma legal” se cometam abusos que prejudicariam principalmente aos mais pobres.

Na quarta-feira passada a deputada Flor Rios, do Movimento V República (MVR) do Presidente Hugo Chávez, apresentou uma proposta para despenalizar o aborto em casos de violação, incesto e má formações congênitas, que seria incluída na reforma do Código Penal.

Em diálogo telefônico com um meio local, o Prelado assinalou que esta norma abre “a porta totalmente" e permitiria ao Estado forçar “principalmente às pessoas de menores recursos a recorrer ao aborto”.

“Este tipo de reformas querem ir abrindo a porta a um laxismo em que a vida conta pouco, fazendo-a valer com outros argumentos que certamente podem ser muito emocionais, mas que não defendem em realidade a integridade da vida desde a do não nascido até a do terminal”, explicou.

Do mesmo modo, advertiu sobre o menosprezo velado à vida de quem usa as má formações congênitas como argumento para justificar o aborto.

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“Não é abrindo a porta a uma libertinagem em todas as ordens como podemos ajudar a que a vida e a qualidade de vida se respeitem como deve respeitar-se em uma sociedade”, assinalou. Acrescentou que com estas normas tampouco se melhora “nem se ajuda à condição da liberdade da mulher”.

Por outro lado, o Prelado assinalou que os ataques que procuram desqualificar à Igreja usando como argumento os casos de abusos sexuais, são só “cortinas de fumaça” porque “todos os seres humanos podem falhar e podemos ter qualquer tipo de marca”.

Dom Porras indicou que “se esse argumento se usasse para todas as coisas, nenhum ser humano poderia propor nada porque o único ser perfeito é Deus”. Acrescentou que isto não desmerita “em nada a posição que terá que ter com respeito à vida”.

O Presidente do Episcopado informou que da CEV já se estão estudando as medidas a tomar. Do mesmo modo, adicionou que já receberam o respaldo de diferentes organizações que promovem o respeito à vida.